A retirada das bombonas de agrotóxicos e outros produtos químicos que caíram no Rio Tocantins, após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, foi adiada para o final de abril. O aumento no volume de água, causado pela abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE), inviabilizou a realização de mergulhos seguros, informou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O colapso da ponte, localizada na BR-226, entre Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), ocorreu em 22 de dezembro de 2024. No acidente, duas carretas carregadas com 76 toneladas de ácido sulfúrico e uma terceira transportando 22 mil litros de agrotóxicos caíram no rio, junto a outros veículos, deixando um rastro de destruição e preocupação ambiental.
Complexidade da operação
Segundo o Ibama, os trabalhos de resgate subaquático, contratados pela Ambipar Participações e Empreendimentos S/A, exigem condições específicas de vazão para serem realizados com segurança. Até agora, 29 bombonas de 20 litros de agrotóxicos já foram retiradas do rio, mas as operações foram interrompidas no início de janeiro devido ao aumento da correnteza.
“O plano inicial estimava 145 dias de mergulhos para a remoção completa dos materiais, considerando as dificuldades impostas pela profundidade de 40 metros e pela forte correnteza”, explicou o órgão ambiental.
A UHE Estreito, que controla a vazão do rio, destacou que, no período chuvoso, não é possível garantir níveis adequados para os mergulhos, com a vazão controlada em cerca de 1.000 m³/s. Por isso, novas tentativas de resgate devem ocorrer somente após o fim da estação chuvosa, previsto para o final de abril.
Riscos ambientais
O Ibama alertou que o aumento da vazão pode deslocar as bombonas para localidades mais distantes, ampliando os riscos de contaminação ambiental. “Solicitamos ao Consórcio Estreito Energia (Ceste) informações sobre a previsão de vazão e possíveis janelas de mergulho. Esse planejamento é crucial para evitar danos maiores”, afirmou a entidade.
O desabamento da ponte, além de representar um desastre ambiental, foi uma tragédia humana. Dos 18 ocupantes dos veículos que caíram no rio, 14 corpos já foram encontrados. As buscas continuam por Salmon Alves Santos, de 65 anos, seu neto Felipe Giuvannuci Ribeiro, de 10 anos, e Gessimar Ferreira da Costa, de 38 anos.
Equipes utilizam embarcações e drones para localizar os desaparecidos, mas as operações de mergulho também foram interrompidas devido às condições do rio.
A tragédia em números
Produtos químicos envolvidos: 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de agrotóxicos.
Bombonas recuperadas: 29 unidades de 20 litros cada.
Vítimas: 18 pessoas, sendo 14 já localizadas e 3 ainda desaparecidas.
A tragédia na ponte Juscelino Kubitschek não apenas expõe a fragilidade de infraestruturas vitais, mas também levanta preocupações sobre a segurança no transporte de produtos perigosos. Enquanto isso, moradores da região vivem com a incerteza dos impactos ambientais e humanos ainda por vir.