MARANHÃO – As eleições para reitor e vice-reitor na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), ocorridas nesta segunda-feira (12), ganharam repercussão local e nacional, após as denúncias da classe estudantil de fraudes no processo de votação – além de registros de casos de favoritismo a três chapas concorrentes.
Alunos, professores e funcionários da UEMA de diversos campi, estão denunciando a chapa 3, formada pelos docentes Walter Canales e Paulo Catunda, por terem sido favorecidos pela estrutura da universidade e, ainda, por terem se aliado às chapas 2 e 5, que ficaram na segunda e terceira colocação – ambas desconhecidas do público estudantil.
Ao longo desta terça-feira (13), diversos alunos e professores se reuniram na instituição em São Luís para questionar os resultados da votação.
“Estamos nos manifestando junto aos professores questionando o resultado deste processo eleitoral que são eleições com vários processos viciados, que teve como resultado a eleição da chapa 3 em 1º lugar, a chapa principal, a chapa do atual vice-reitor Walter Canales e de outras duas chapas laranjas que, em nenhum momento, fizeram campanha em qualquer campus da UEMA. Então, nós estamos hoje justamente para questionar a legitimidade desse processo”, pontua Umaitan Ferreira Jr., estudante e integrante do Centro Acadêmico de Filosofia.
Para o discente, o processo de eleição a reitor e vice-reitor na UEMA tem vários vícios – entre eles, a indicação do servidor Fernando Cesar dos Santos – que possui condenação criminal por tortura, com pena de 5 anos em regime fechado, por agressão e tortura contra uma mulher (processo tramitado e julgado em 2015), para Presidente da Comissão Eleitoral da UEMA.
Em nota, o Sindicato dos professores da UEMA (SINDUEMA), que representa os docentes das universidades públicas estaduais do Maranhão, questionou uma nota da procuradoria da UEMA sobre o caso.
“A nota da procuradoria informa que a UEMA não tinha conhecimento da condenação nem do trânsito em julgado do servidor. Contudo, a mesma nota informa que o referido professor entrou com mandado de segurança para ser reintegrado aos quadros da instituição. Ora, por que razão o servidor entra com mandado de segurança contra a UEMA se a própria IES afirma que não tinha conhecimento nem de condenação nem de trânsito em julgado? Tal situação é, no mínimo, paradoxal e intenta se isentar da responsabilidade que lhe é inerente”, analisa o sindicato.
O estudante Umaitan Ferreira Jr. acrescenta, ainda, a falta de representação discente, por parte da UEMA ao longo do processo eleitoral. “É um processo que não é democrático, porque não conta com a representatividade dos estudantes, e são mais de 22 mil na UEMA. Também não tivemos paridade de voto. Os estudantes são a maioria e o voto dos estudantes não tem peso, não tem nem 30% de peso. Por isso, nós, estudantes, também decidimos nos somar essa luta (…) porque queremos um novo processo eleitoral, que seja democrático e transparente”, acrescentou.
Joady Sousa, discente do curso de química da UEMA, reforça as palavras de Umaitan e pontua que a classe estudantil merece uma eleição justa. “O ato de greve que estamos propondo é para mobilizar os alunos e lutar por eleições limpas dentro da nossa universidade”, disse.
Para o estudante, a atual gestão, que está há 16 anos no cargo na reitoria, segue com diversos problemas que afetam a vida estudantil como: redução grande no quadro político pedagógico, infraestrutura enfraquecida, centro penalizados (ao citar o centro de ciências agrárias), ausência de um Portal da Transparência, entre outros pontos.
“Nós não conseguimos ter acesso ao que entra e o que sai de rede financeira dentro da nossa instituição. Hoje, nós realizamos um ato onde lutamos por eleições limpas e que os alunos tenham o peso igualitário no voto. (…) Atualmente, nós temos um processo que é marcado por fraude e essa fraude já tinham sido alertada”.
“Os alunos não foram ouvidos e nem o sindicato dos professores. Essa eleição realizada não nos representa e não faz jus ao que a comunidade quer”, acrescentou.
Veja os vídeos da manifestação de hoje: