O Líbano mergulha cada vez mais em uma crise econômica sem precedentes, o que fez com que milhares de pessoas protestassem nas ruas de Beirute e das principais cidades do país nesta segunda-feira, 27, e terça, 28, desafiando a quarentena provocada pelo coronavírus.
Os manifestantes lançaram coquetéis molotov em bancos e bloquearam o trânsito em Beirute, Tripoli e outros municípios importantes. Eles foram recebidos com munição e gás lacrimogêneo pela polícia. Há notícias, nesta terça, de pelo menos um morto e dezenas de feridos. Os protestos continuam.
Um dos principais estopins dos protestos foi a ameaça de demissão, na sexta, 24, do presidente do Banco Central, Riad Salameh, uma figura respeitada no país.
Segundo fontes diplomáticas, uma troca no comando no Banco Central neste momento poderia colocar em risco a credibilidade do órgão e as próprias reservas monetárias do país. A população também entendeu dessa forma e saiu às ruas, mesmo em meio à pandemia do coronavírus e restrições de locomoção.
O descontrole nos gastos públicos, indícios de corrupção e de má gestão de ativos importantes como a companhia estatal de energia levaram o Líbano a pior crise de sua história.
No início do ano, a dívida pública chegou a 150% do PIB. Em seis meses, a lira libanesa desvalorizou-se 50% em relação ao dólar. Nos últimos dias, a queda da lira se acentuou ainda mais. Agora, parte dos caixas eletrônicos está sem dinheiro.
A descoberta de grandes reservas de gás natural no Mediterrâneo, nos últimos anos, havia renovado a fé de que o país pudesse sair da crise sem tantos arranhões.
(Exame – Abril)