O prefeito de Alto Alegre do Pindaré, José Francinete Bento Luna, conhecido como Didi (PP), foi eleito presidente do Consórcio Intermunicipal Multimodal (CIM), entidade que reúne 29 municípios afetados pela ferrovia de Carajás. A eleição, realizada no início de janeiro, ocorre sob a sombra de acusações graves: Didi é réu em um processo por desvio de verbas públicas, envolvendo a subtração de R$ 2 milhões destinados à saúde e educação no município de Bom Jardim, em 2014.
De acordo com o Ministério Público do Maranhão, o esquema teria ocorrido por meio de contratos fraudulentos firmados com a empresa Dmais Construções e Empreendimentos, representada por Didi na época. A ação judicial cobra a devolução do valor desviado, perda do cargo público, suspensão dos direitos políticos e outras penalidades aos envolvidos.
A eleição de Didi foi marcada por polêmica. A prefeita de Bacabeira, Naila Gonçalo (Mobiliza), que concorria ao cargo, questionou judicialmente a transparência do processo eleitoral, alegando dificuldade de acesso à lista de municípios aptos ao voto. Contudo, o pedido foi negado pela Justiça, e Didi venceu com 11 votos contra 5 de sua adversária.
Como presidente do CIM, Didi terá a responsabilidade de administrar um orçamento de R$ 4,5 milhões em 2025, provenientes de contribuições dos municípios consorciados, emendas parlamentares e outras fontes. A função inclui representar os municípios junto a grandes empresas, como Vale S.A. e Suzano Papel e Celulose, além de coordenar projetos de desenvolvimento sustentável e compensações socioambientais.
Apesar das graves acusações e da indisponibilidade de seus bens decretada pela Justiça, Didi ironizou os questionamentos feitos pela imprensa sobre o caso. Em mensagem apagada posteriormente, afirmou: “Da minha parte você tá liberado pra escrever o que quiser. Não vou nem dormir.”
O CIM, que busca promover o desenvolvimento regional e minimizar os impactos dos corredores modais que atravessam os municípios, enfrenta agora o desafio de ser liderado por uma figura envolvida em denúncias de corrupção.
A audiência de instrução e julgamento do caso está marcada para abril de 2025. Enquanto isso, o prefeito permanece à frente de uma entidade crucial para a gestão de recursos e a promoção de políticas públicas nos municípios consorciados.