Em 1° de julho de 1994, o governo de Itamar Franco lançou o Plano Real. A introdução dessa nova moeda foi uma tentativa ousada de conter uma inflação vertiginosa, que ultrapassava a marca de 2.000% ao ano. No entanto, apesar de ter inicialmente estabilizado a economia, a moeda brasileira tem perdido gradativamente seu valor ao longo dos anos.
Desde sua implantação até maio de 2023, a inflação acumulada foi de 677,50%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Hoje, a extinta nota de R$ 1,00 uma vez comum em nossa economia, vale aproximadamente R$ 0,12. Isso representa uma perda significativa de poder de compra ao longo dos 29 anos desde a adoção do real.
Para ter o mesmo poder de compra de um real de 1994 hoje, seria necessário desembolsar R$ 7,77, de acordo com a calculadora de inflação do Banco Central do Brasil (BC). Isso também se reflete no valor de notas de maior denominação. Hoje, para ter o mesmo poder de compra de uma nota de R$ 5,00 de 1994, seriam necessários R$ 38,87; para uma nota de R$ 50 da época, R$ 388,75; e para uma nota de R$ 100 da época, impressionantes R$ 777,50.
Com o tempo, outras notas foram introduzidas no sistema financeiro. Em dezembro de 2001, foi lançada a nota de R$ 2,00. Para ter o mesmo poder de compra que essa nota representava em 2001, seria necessário R$ 10,49 hoje, o que representa uma inflação acumulada de 424,40%. A nota de R$ 20,00 lançada em junho de 2002, exigiria R$ 102,69 para manter o mesmo poder de compra, com um IPCA acumulado de 413,43% desde seu lançamento.
A mais recente adição à nossa família de notas foi a de R$ 200,00 introduzida em 2 de setembro de 2020, durante a pandemia de covid-19. Em quase três anos, a inflação já acumulou uma alta de 24,41%, fazendo com que fossem necessários R$ 248,82 para ter o mesmo poder de compra que R$ 200 tinham em 2020.
Neste sábado, o Plano Real completa 29 anos. Sob a gestão de Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso como Ministro da Fazenda, o plano nasceu como uma tentativa de controlar uma inflação que beirava os 5.000% no acumulado de 12 meses até a implementação do real.
Apesar das inúmeras crises internacionais e internas que abalaram a estabilidade econômica desde então, o IPCA acumulado em 12 meses ultrapassou a marca de 9% em poucas ocasiões, de acordo com o BC.
O lançamento do real como moeda nacional foi a última etapa do Plano Real. Apesar de seus desafios, não há dúvida de que ele marcou um momento significativo na história econômica do Brasil. Com isso, é importante refletir sobre a evolução de nossa moeda e a capacidade de compra da população desde então.
Por Marcony Edson