O Maranhão é um estado agrícola. Quase metade da população do estado (39%) vive e trabalha no meio rural. São cerca de 220 mil estabelecimentos rurais espalhados nos seus 33 milhões de hectares, grande parte deles dentro dos maiores e mais importantes biomas do Brasil, a Amazônia e o Cerrado, além da zona de transição dos cocais e da baixada. É um dos dez maiores produtores agrícolas do País e a quarta economia do Nordeste. E ainda detém mais de 30% da maior fronteira agrícola do País: o MATOPIBA. Por outro lado, possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano e a maior pobreza rural do País.
Nesse cenário, Marco Bomfim, o novo chefe-geral da Embrapa Cocais (MA), que tomou posse no dia 10, aposta em estratégia robusta para integração sinérgica de expertises das instituições de ciência e tecnologia estaduais, produtores e agroindustriais de todos os portes – dos pequenos da agricultura familiar aos grandes da agricultura de commodities e da pecuária -, poder público e sociedade civil organizada para minimizar contrastes e impulsionar o desenvolvimento do “Maranhão de desafios e oportunidades”, tendo a Embrapa Cocais papel ativo e estratégico nesse processo.
“O Brasil é hoje o terceiro maior produtor de alimentos e o segundo maior exportador mundial graças ao conhecimento científico e tecnológico desenvolvido pela Embrapa em 50 anos de existência em parceria com o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). A Embrapa no Maranhão reflete a força de toda a Embrapa, de seus 43 centros de pesquisa e quase 2500 mil pesquisadores em rede, somada ao sistema de pesquisa do estado – mais de 5 mil professores pesquisadores que formam mais de 30 mil profissionais todos os anos – articulando ambientes de inovação em qualquer cadeia. Essa aliança estratégica – já em curso com o Instituto Federal do Maranhão (IFMA), a Universidade Estadual do Maranhã (Uema) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – fortalece a Rede de Pesquisa e Inovação Agropecuária Maranhense, arranjos produtivos e desenvolvimento territorial inclusivo e sustentáveis. Não há dúvidas de que a Embrapa é parceira fundamental e estratégica na consolidação do Maranhão como potência agrícola, um estado de grande plasticidade produtiva e riqueza e diversidade de recursos naturais”, resumiu.
E continuou: “O que estamos propondo é uma agenda robusta, ousada e abrangente, que considera o Maranhão em sua integralidade, com foco no desenvolvimento sustentável e inclusão produtiva. A inovação em rede será a força propulsora para transformar a riqueza da diversidade de solos, água e recursos naturais do estado em inclusão produtiva, com baixo impacto ambiental e bem-estar social. No Cerrado maranhense, os próximos passos serão a intensificação e diversificação produtiva com sustentabilidade ambiental. Na Amazônia maranhense, há um passivo com os produtores da agricultura familiar. Cinquenta e um por cento (51%) dessa população está em situação de pobreza e mais de 60% em insegurança alimentar. É necessário fortalecer a transferência de ativos já desenvolvidos pela Embrapa para esse público. Nosso compromisso é avançar na bioeconomia e no mercado de serviços ambientais – valorizando a floresta em pé e agregando valor aos produtos da biodiversidade – e impulsionar, com intensificação sustentável, o mercado das commodities – como soja, milho e algodão – e da bovinocultura”, destacou Bomfim.
A cerimônia de posse está disponível no You tube.
Falas dos gestores e autoridades – Iniciando as falas da solenidade, o ex-chefe geral, João Zonta, lembrou a história da Embrapa no estado do Maranhão, trajetória que se iniciou com a formalização de um convênio entre a Embrapa e o Governo do estado na década de 1990 e culminou com a criação da Embrapa Cocais. “Nesses últimos anos, desenvolvemos ações de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em diversas áreas do conhecimento, de Norte a Sul, da produção de commodities à agricultura familiar, visando ao desenvolvimento econômico e social do estado. Formalizamos parcerias com a UEMA, UFMA, IFMA, Secretarias de Estado, Fundação Vale, Rede ILPF, Ambev, entre tantos outros. Iniciamos diversos projetos de pesquisa em temas bastante importantes – como Agricultura Sustentável e ILPF – e o desenvolvimento de linha de produtos alimentícios a partir do babaçu (como leite, queijo, hamburguer, farinha de amêndoa, entre outros), sistemas agroflorestais, mandioca, arroz, feijão-caupi, algodão”, enumerou.
A diretora-executiva de Governança e Gestão, Angélica Gomes (foto acima), disse estar feliz de representar a DE na cerimônia e empossar o novo chefe. “A Embrapa Cocais tem experiência na configuração de projetos em parceria com setor produtivo, que têm feito da Unidade uma Embrapa mais aberta, mais colaborativa, mais aderente aos direcionadores estratégicos da Empresa. Além disso, tem desempenhado papel importante na construção de políticas públicas para o desenvolvimento socioeconômico e tecnológico do estado. Temos de reconhecer também o esforço da gestão no relacionamento com parlamentares estaduais e federais e governo do estado”, enfatizou.
O deputado federal Cleber Verde (Republicanos-MA) elogiou a iniciativa de unir instituições de ciência e tecnologia e setor produtivo para o desenvolvimento do estado em benefício do povo maranhense. “Estaremos engajados para compartilhar recursos em prol da nossa agropecuária e pesca e dar oportunidades ao maranhense, povo forte e trabalhador”.
A presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Iracema Vale, ressaltou o orgulho em dizer que a Embrapa Cocais ajudou muito o município em que foi prefeita. “Tecnologias da Embrapa – como Reniva, Sisteminha, alimentos biofortificados, entre outras – mudaram a realidade do nosso município. Os canteiros se espalharam diversificando a oferta de alimentos e abastecendo os supermercados. Estou à frente do poder legislativo estadual e trago muita gratidão à Embrapa e desejo sucesso à nova gestão. Somos parceiros e juntos vamos alavancar o desenvolvimento do nosso Maranhão”.
O secretário de estado de Agricultura Familiar, Diego Rolim, que representou o governador do estado, Carlos Brandão, ressaltou o portfólio de tecnologias da Embrapa para a agricultura familiar do Maranhão e o potencial do babaçu e seus subprodutos para o desenvolvimento do estado.
Modelo de gestão aberta – Para a nova gestão, fazer inovação e a transformação não é um paradigma somente tecnológico, mesmo sendo a tecnologia parte fundamental do processo. A inovação ocorre a partir da ativação do ecossistema de inovação com base em quatro pilares: ciência e tecnologia, iniciativa privada (produtores, agroindustriais e indutores), poder público e sociedade civil organizada.
Nesse contexto, uma das metas é inovar na forma de atuação da Embrapa Cocais, tornando-a, corporativamente, uma célula de inovação aberta (co-criação de soluções em parceria com clientes), atuando em rede no ecossistema de inovação maranhense para o desenvolvimento de pesquisa e inovação agropecuária, bem como cumprindo papel estratégico para o setor produtivo ao visibilizar demandas e apoiar a formulação de políticas públicas.
Essa forma de trabalhar não é nova. Já faz parte da estratégia da Embrapa Cocais o compartilhamento de expertises, campos experimentais e laboratórios da Rede Embrapa e parceiros para atender as demandas regionais. Para cumprir sua missão, adotou, ao longo de sua trajetória, a prática de se conectar com agentes de C&T e instituições públicas e privadas do estado e a Rede Embrapa para fazer entregas em pesquisa e inovação e diversificar fontes de recursos.
“A Embrapa Cocais atua majoritariamente em inovação aberta e não queremos perder essa vantagem competitiva. Como unidade nova, carrega o aprendizado de 50 anos da Embrapa, base para desenhar um novo modelo de centro de pesquisa. Teve a sorte de absorver as melhores práticas de gestão das suas Unidades irmãs, configurando-se como um modelo de empresa pública mais ágil, leve e conectada com o sistema de inovação e com foco em inovação aberta. Por isso estamos buscando reforçar e consolidar esse alinhamento, identificar onde a Embrapa e instituições de ciência e tecnologia podem fazer a diferença, alavancando a força da rede estadual para participar de forma mais efetiva no território que, apesar de ter uma atividade produtiva consolidada, ainda tem bastante fôlego para crescer e muitas demandas a solucionar”, ressaltou Bomfim. Segundo ele, a experiência demonstra que é na força dos elos do ecossistema, cada um destravando os processos que atravancam a inovação, que a transformação se materializa.
Sobre a Embrapa Cocais – É uma Unidade ecorregional criada em 14 de dezembro de 2009, com sede no município de São Luís (MA). Possui também uma Unidade de Execução de Pesquisa no município de Balsas (MA) e um Campo Experimental no município de Arari (MA). Desde sua criação, tem realizado trabalhos com foco em pesquisa e desenvolvimento e transferência de tecnologia em temas relacionados a diversas cadeias produtivas e voltados a diferentes públicos e demandas. Atualmente a Unidade possui 46 colaboradores, sendo 4 assistentes, 8 técnicos, 17 analistas e 17 pesquisadores.
Perfil acadêmico do novo chefe – Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Maranhão (1995), Mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (2000), Doutorado em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (2003) e Pós-Doutorado pelo International Center for Agricultural Research in the Dry Areas – ICARDA em Aleppo, na República da Síria (2008) e pela Texas A&M University, College Station-Texas-USA (2012).
(Embrapa)