Na manhã de sábado (22), no município de Santa Luzia do Paruá, Maranhão, um carro em que estavam duas pessoas, entre elas uma das lideranças Ka’apor, foi cercado por quatro automóveis – duas pick-ups Hilux e um Corola. Na tentativa de ataque, os indígenas conseguiram fugir e se abrigar em um restaurante e, depois, se encaminharam a uma delegacia. De acordo com o povo Ka’apor, se tratavam de madeireiros, e espera-se que os próximos dias sejam de aumento de tensão.
O relato diz que os indígenas aguardaram de 12h a 14h em frente à delegacia, mas não foram atendidos. Logo após, entraram em contato com outras lideranças Ka’apor, que foram à cidade. A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, a Comissão Indígena Missionária (CIMI), e o Programa Defensores. Sobre: O Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) estiveram presentes. A Secretaria de Segurança Pública do MA também foi acionada, garantindo escolta da liderança até a comunidade.
Apesar disso, os indígenas, que preferiram não se identificar por motivos de segurança, afirmam que não há manifestação do Governo do Maranhão, de Flávio Dino (PSB), e menos ainda do Federal, de Jair Bolsonaro. “Em resposta, os Ka’apor fecharam o ramal, estão reforçando o número de indígenas na área e informam que vão continuar defendendo o seu território com a força que já demonstraram em diversas ocasiões ao longo de sua história”, afirmou o povo Ka’apor, por meio de nota.
Entre os dias 18 e 20 de janeiro o povo Ka’apor realizou seu 2º Encontro de Governança e Autodefesa, discutindo sua organização interna e o mapeamento etnocartográfico de seu território. Durante o encontro foi criada a 11ª área de proteção do território Ka’apor. Ela fica às margens do ramal Tancredo Neves, no município de Nova Olinda, no MA.
O território indígena Alto Turiaçu é apenas uma parte de uma extensa área que pertencia ao povo Ka’apor. Ele fica na fronteira com o Pará, na Amazônia maranhense, e se estende por áreas de alguns municípios maranhenses. É uma das últimas áreas de floresta amazônica no Maranhão. Apesar de ser homologado, o território sofre invasões ilegais de madeireiros, caçadores, grileiros e também enfrenta a pressão de mineradoras. De acordo com o povo Ka’apor, madeireiros extraem ilegalmente a madeira do território e para isso contam com a conivência do governo estadual, das polícias locais e federal e de órgãos federais, como o Ibama e a Funai.
Por Portal do Guará