Um incêndio de grandes proporções que teve início na última quinta-feira (5) destruiu cerca de 10 mil hectares do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. A estimativa da área afetada, divulgada pela administração do parque, abrange a região entre o Paralelo 14 e a Cachoeira Simão Correia. As autoridades ainda investigam a causa do incêndio, sem descartar a possibilidade de ação criminosa.
Desde o começo do incêndio, equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do PrevFogo (Ibama) e do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás foram mobilizadas para conter as chamas. A administração do parque informou que havia uma expectativa de que duas aeronaves fossem enviadas para auxiliar nos trabalhos, mas a reportagem não conseguiu confirmar se a operação foi realizada.
Paralelamente, um grupo organizado pelo Polo de EcoCiências do Cerrado realizou um mutirão para avaliar os danos causados pelo incêndio na Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN) Campo Úmido Voshysias, próxima ao Parque Nacional. O local, assim como a RPPN Murundu, também em Alto Paraíso de Goiás, foi atingido pelas chamas e passou por uma inspeção minuciosa, incluindo a retirada de espécies invasoras.
O combate ao fogo tem contado também com a participação da Rede Contrafogo, que articula brigadas de voluntários, e do Instituto Biorregional do Cerrado (IBC). Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, Ivan Anjo, representante da Rede Contrafogo, relatou que o lixão de Alto Paraíso de Goiás também foi atingido por um incêndio, seguindo um padrão que se repete quase todos os anos na mesma semana.
“Todo ano é a mesma coisa. O lixão pega fogo sempre na mesma semana! […] Seria só coincidência? A prefeitura não se organiza para fiscalizar, vigiar e muito menos para combater. Parecem gostar que o lixão diminua seu volume todo ano para ter menos o que administrar. Dezenas de famílias tiveram que abandonar suas casas ontem devido a essa incompetência. Ou seria maldade mesmo?”, criticou Ivan Anjo em texto que acompanhava o vídeo.
A Chapada dos Veadeiros é uma das áreas mais importantes de preservação do Cerrado, um bioma crucial para o Brasil. Mesmo sendo conhecido como “berço das águas”, o Cerrado enfrenta um futuro incerto, com previsão de perda de até 34% do fluxo dos rios até 2050. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até o dia 7 de setembro, foram registrados 48.966 focos de incêndio no Cerrado, tornando-o o segundo bioma mais afetado do país, atrás apenas da Amazônia.
A reportagem da Agência Brasil tentou contato com o ICMBio, o Ibama e a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás para obter mais informações, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.