O governador Flávio Dino (PCdoB) reagiu com indignação aos comentários que correm pelas redes sociais em que o Governo do Estado é apontado como culpado indireto pela crise por que passa os Supermercados Maciel, pois teria dado, com exclusividade, um benefício fiscal generoso ao concorrente Mateus. “É absolutamente mentiroso que uma rede de supermercados no Maranhão tem benefícios fiscais exclusivos. Repito: isso é MENTIRA.”, reagiu Sua Excelência em sua página no Facebook.
Os debates em torno das dificuldades por que passa a rede Maciel se intensificaram depois da postagem neste fim de semana de um vídeo em que o empresário Raimundo Nonato Maciel, ao ser questionado sobre os atrasos nos salários dos empregados, apela aos colaboradores para um esforço no sentido de salvar a empresa. Maciel chega a dizer que sabe da dificuldades pelas quais estão passando os empregados, porém diz que ele também está numa situação delicada.
A crise da empresa, como não poderia ser diferente no Maranhão, descambou para o debate político e muitos adversários passaram a relacionar o fato a uma lei aprovada na Assembleia Legislativa que beneficiou o Grupo Mateus. A lei na verdade não contempla a atividade supermercadista do grupo, mas a atacadista, que recolhe apenas 2% de ICMS pela construção de uma central de distribuição em São Luís com a promessa de gerar 500 empregos diretos.
Outro requisito que só a empresa podia atender era ter um capital acima de R$ 150 milhões. Mateus também foi beneficiado pelo recebimento de uma grande área no Distrito Industrial de São Luís para essa obra.
Nesta segunda-feira (14), ao ser indagado sobre o tema numa entrevista a Diego Emir e Osvaldo Maia no programa Passando a Limpo da Nova FM (93.1), o deputado Eduardo Braide, que foi contra o projeto do governo, disse que não podia relacionar a crise do Maciel com a lei, mas recorda que alertou os parlamentares sobre os riscos de um benefício fiscal trazer uma concorrência desleal e em troca de 500 empregos se colocar sob ameaça milhares de postos de trabalho com o fechamento dos concorrentes.
Concorrência – O governador ressaltou em seus comentários que os benefícios fiscais por ele criados são concedidos a centenas de empresas e que não cabe a ele administrar concorrência entre empresas de supermercados.
“Não cabe ao Governo do Estado gerenciar concorrência entre redes de supermercado. A Constituição não permite esse tipo de intervenção. Quantos aos benefícios fiscais, centenas de empresas são destinatárias, nos mesmos termos constantes de lei que vale para todo o segmento”, afirmou Flávio Dino.
Nesta quinta-feira (17), o assunto poderá ser amplamente debatido, com a realização do Seminário Oportunidades para a Cadeia Produtiva do Atacado e Varejo Supermercadista do Maranhão, nesta quinta-feira (17), no Rio Poty Hotel. O evento será realizado com apoio da Associação dos Atacadistas e Distribuidores (Amda) e dos Supermercadistas (Amasp).
Vão atuar como palestrante neste evento, o governador Flávio Dino, Simplício Araújo (secretário de Indústria e Comércio), Luís Nassif (jornalista), Roque Antônio Carraza (advogado tributarista), Marcellus Ribeiro Alves (secretário estadual de Fazenda) e Dyego Henrique de Oliveira (ex-ministro de Planejamento).
Por Aquiles Emir via Maranhão Hoje.