A segunda-feira (17) começou caótica para os usuários do transporte público da Grande São Luís. Como anunciado na última semana, os motoristas e cobradores de ônibus iniciaram uma greve por tempo indeterminado, interrompendo a circulação de coletivos na capital maranhense e nos municípios vizinhos de Paço do Lumiar, São José de Ribamar e Raposa.
Desde as primeiras horas do dia, pontos de ônibus lotados e longas filas marcaram o cenário nas ruas. Passageiros recorreram a transportes alternativos, como vans, motocicletas e aplicativos de transporte, para tentar chegar aos seus destinos.
Negociações sem avanço
O movimento grevista foi deflagrado após diversas tentativas de negociação entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Maranhão (STTREMA) e o Sindicato das Empresas de Transporte (SET). Segundo os rodoviários, apesar de quatro reuniões e três audiências de mediação desde janeiro, os empresários não apresentaram uma proposta satisfatória para atender às demandas da categoria.
Na última sexta-feira (14), uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MA) também terminou sem acordo. A Justiça do Trabalho chegou a determinar que 80% da frota operasse durante a greve, sob pena de multa diária de R$ 100 mil para o sindicato dos rodoviários. No entanto, até o momento, a decisão não está sendo cumprida.
Principais reivindicações
O STTREMA divulgou que as exigências da categoria incluem:
- Ticket alimentação de R$ 1.300,00 para motoristas com cobrador e R$ 1.500,00 para aqueles que operam sem cobrador;
- Reajuste salarial de 15% para motoristas com cobrador (salário de R$ 2.961,25) e de 25% para motoristas sem cobrador (salário de R$ 3.218,75);
- Inclusão de dois dependentes no plano de saúde e odontológico;
- Seguro para motoristas em caso de falecimento.
Os empresários alegam dificuldades financeiras e afirmam que não têm condições de atender às demandas sem um aumento na tarifa ou maior subsídio governamental.
O papel do poder público
A Prefeitura de São Luís e o Governo do Estado, responsáveis pela gestão dos sistemas urbano e semiurbano, respectivamente, também são apontados como parte do impasse. A Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB) apresentou uma proposta de recomposição tarifária do subsídio do transporte, enquanto a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) ainda não apresentou alternativas concretas para resolver o problema.
O diretor executivo do SET, Paulo Pires, criticou a greve e defendeu a decisão da Justiça. “A paralisação do transporte coletivo prejudica a população e impacta toda a cidade, afetando comércio, escolas, órgãos públicos e serviços essenciais. Buscamos na Justiça garantir que os ônibus continuem circulando”, afirmou.
E agora?
Enquanto a greve persiste e as negociações seguem indefinidas, a população da Grande São Luís enfrenta mais um dia de dificuldades para se deslocar. A expectativa é que uma nova rodada de negociações aconteça nos próximos dias para tentar pôr fim ao impasse e evitar mais prejuízos à cidade.