O governo federal, em conjunto com sete estados e o Distrito Federal, anunciou a criação de uma força-tarefa para enfrentar o aumento alarmante do desmatamento no Cerrado. Esta iniciativa surge como parte dos esforços do Plano de Ação Contra o Desmatamento do Cerrado (PPCerrado), retomado no ano passado, em resposta à preocupação crescente com a degradação desse importante bioma brasileiro, que abrange cerca de 25% do território nacional.
Em uma reunião conduzida pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, no Palácio do Planalto, representantes do governo central se juntaram aos governadores de sete estados: Carlos Brandão (Maranhão), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás), Mauro Mendes (Mato Grosso), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Wanderlei Barbosa (Tocantins), bem como a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, e o secretário de Meio Ambiente da Bahia, Eduardo Sodré. A reunião contou ainda com a presença dos ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
De acordo com a ministra Marina Silva, essa iniciativa conjunta reflete o comprometimento em resolver a questão do desmatamento no Cerrado. Enquanto na Amazônia o governo federal desempenha um papel central, no Cerrado são os estados que têm um maior poder de ação.
Uma das principais medidas discutidas é a unificação das bases de dados dos estados com o governo federal, com o objetivo de fortalecer o Cadastro Ambiental Rural (CAR), enfraquecido em administrações anteriores. Além disso, será estabelecido um grupo de trabalho composto por ministros e governadores, que se reunirá regularmente para monitorar os dados e tomar decisões estratégicas.
O Cerrado, fonte crucial de 40% da água doce do país, enfrenta um aumento significativo de 19% nos alertas de desmatamento no último mês, em comparação com fevereiro de 2023. A situação é mais crítica nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecidos como Matopiba, onde ocorre cerca de 75% do desmatamento no Cerrado.
Durante a reunião, o Ministério do Meio Ambiente alertou para os impactos do desmatamento prolongado e das mudanças climáticas, ressaltando a importância de ações conjuntas para enfrentar esses desafios ambientais.
A colaboração entre o governo central e os estados na força-tarefa pode facilitar a liberação de recursos do Fundo Amazônia para financiar ações de monitoramento e controle do desmatamento no Cerrado, utilizando até 20% dos recursos disponíveis para esse fim, conforme destacou o Ministério do Meio Ambiente.