Para o paleontólogo Elver Mayer, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), ainda é preciso realizar mais análises para identificar a espécie do saurópode localizado em Davinópolis
O responsável pela descoberta foi pelo arqueólogo Daniel Ribeiro. Ele foi enviado à região para prestar atenção caso algum achado histórico fosse feito, o que de fato aconteceu, em abril desde ano, enquanto era feito o monitoramento em parte do terreno. O levantamento arqueológico é um requisito para o licenciamento ambiental.— Ao se descobrir lentamente e cuidadosamente a extensão dos fósseis, a surpresa só aumentou a cada dia — relatou Ribeiro. — Foram necessárias duas etapas de coleta do material exposto, que agora passará pelas etapas de tratamento, limpeza e estudo dos fósseis.
— Observando esses cortes (realizados pelas retroescavadeiras para terraplanagem) percebi que tinha algumas formações diferentes, então fui olhar aquelas formações, ao verificar as formações diferenciadas identifiquei que se tratava de fósseis, mas, num primeiro momento, não identifiquei como dinossauro.
Ribeiro relatou que acompanhava a obra deste o início e, até aquele momento, não havia notado nada fora do normal.— E a obra já se encontrava nas últimas etapas de corte e terraplanagem. Foi um achado inesperado — acrescentou. — Quando os fósseis foram encontrados, a priori achei que se tratava de um animal da megafauna (mamíferos gigantes extintos), e foi surpreendente saber que era um dinossauro.Como a descoberta acabou sendo paleontológica, a Brado, responsável pelas obras, contatou o especialista Elver Mayer, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), para liderar a pesquisa e verificar que dinossauro foi aquele. Desde então, algumas dúvidas já puderam ser sanadas.
Saurópode
Segundo Mayer, os ossos localizados eram de um saurópode, grupo herbívoro famoso por ser um dos maiores animais terrestres já registrados, caracterizado por um longo pescoço e cauda também alongada, podendo ter mais de 10 metros de altura.
“Na região de Davinópolis, nas imediações de Imperatriz, não houve outros registros de dinossauros ainda, mas houve registro de dinossauros na mesma formação geológica, só que ao Norte do estado” destacou o paleontólogo.
Ele contou que os fósseis estavam dispostos desordenadamente numa pequena área, de cerca de 3 metros de largura por 2 metros de comprimento. Havia ali longos ossos dos membros, vértebras, costelas e alguns ossos menores, do pé e da mão. Apesar da boa quantidade, muitos estavam incompletos, o que dificulta a análise, mas acredita-se que o dinossauro em questão tenha vivido no período Cretáceo, de 145 milhões a 65 milhões de anos atrás, último período da Era Mesozoica. Ainda não se sabe, contudo, sua espécie. “Agora, estamos focados na retirada dos materiais para estudo na universidade. Ao longo das análises poderemos afirmar se é uma espécie inédita ou já catalogada”, disse acrescentou Mayer.
O estudo atualmente está em sua fase de laboratório, por meio da limpeza dos materiais, de forma a remover os sedimentos que ficaram aderidos, permitindo que a equipe visualize de fato a forma do fóssil. Para Mayer, mais informações poderão ser descobertas a partir disso.
Quanto à construção feita no local, pensada para conectar a cidade maranhense à Sumaré (SP), a expectativa é concluí-la ainda neste ano. “Ter a possibilidade de encontrar um registro como esse em uma área tão importante para a companhia é uma grande surpresa” disse Homero Rech, gerente de engenharia da Brado.
“Além de representar um ganho para o patrimônio histórico do Brasil e do mundo, estamos contribuindo para trazer ainda mais visibilidade para a cidade de Davinópolis, que em breve será conectada via ferrovia ao estado de São Paulo e contribuirá positivamente para a logística nacional”.
Fonte: O Globo