A passagem dos alimentos do estômago para o intestino é chamada tecnicamente de esvaziamento gástrico. O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado na noite desta segunda-feira (28) no Hospital das Forças Armadas (HFA) com dores abdominais devido a dificuldades de esvaziamento gástrico. Bolsonaro, que já foi submetido a cirurgias por conta de obstruções intestinais, teve alta na manhã desta terça-feira (29).
Parte fundamental do processo digestivo, o esvaziamento gástrico pode ser afetado por diferentes fatores. O retardo do esvaziamento gástrico, também conhecido como gastroparesia, é definido como um transtorno que compromete a habilidade do estômago para se contrair e ser esvaziado. Os principais sintomas da gastroparesia incluem desconforto abdominal, sensação de plenitude gástrica, saciedade precoce, náuseas e vômitos.
Segundo o Instituto de Gastroenterologia Pediátrica de São Paulo, cerca de 30 a 50% dos pacientes de qualquer idade com sintomas gastrointestinais crônicos sem causa definida ou com diabetes sofrem de retardo do esvaziamento gástrico. Além disso, estima-se que cerca de 4% da população apresentará, em algum momento da vida, sintomas sugestivos de gastroparesia.
O estômago tem como função primordial triturar, misturar e controlar a passagem do alimento para o intestino delgado. A dificuldade no esvaziamento do órgão pode ser causada por uma associação de fatores, incluindo disfunções motoras e sensoriais.
Além disso, fatores específicos dos alimentos podem impactar na velocidade de esvaziamento gástrico, como volume, consistência, densidade calórica, temperatura, propriedades químicas, entre outras características.
Enquanto a temperatura elevada acelera o processo, alimentos frios tendem a retardar o esvaziamento. A presença de lipídeos no intestino delgado também pode tornar mais lento o curso da digestão, assim como a ação de alguns peptídeos.
Segundo o Instituto de Gastroenterologia Pediátrica de São Paulo, situações de estresse também podem retardar o esvaziamento gástrico.
Fatores de risco
O diagnóstico da gastroparesia pode ser realizado a partir de investigações laboratoriais que podem ser invasivas e não-invasivas, como ultrassonografia e radiografia.
A realização de cirurgias do trato digestivo, como os procedimentos aos quais o presidente Bolsonaro foi submetido, é um dos fatores de risco para as dificuldades no esvaziamento gástrico.
Outros fatores de risco incluem alergia alimentar, infecção, problemas no sistema nervoso central, diabetes, doença de Hirschsprung, uso de medicamentos, fibrose cística do pâncreas e doenças autoimunes.
Tratamento
O tratamento depende da extensão dos sintomas e deve ser indicado pelo profissional de saúde.
A terapia pode incluir a correção e prevenção de alterações no estômago e de deficiências nutricionais, com mudanças na dieta. Recomenda-se que o paciente se alimente em pequenos volumes, e as refeições devem ser pobres em gorduras e fibras, com o objetivo de estimular a motilidade gástrica.
Pode ser indicado ainda o uso de medicamentos para controle da dor, além de hospitalização, hidratação intravenosa, intervenções cirúrgicas e endoscópicas.
Fontes: Marina Haro Chicareli Carrari e Ulysses Fagundes Neto, do Instituto de Gastroenterologia Pediátrica de São Paulo.
Por CNN