A destruição dos manguezais às margens da BR-135, próximo ao Porto do Itaqui, segue em ritmo acelerado. Depois da empresa Raízen aterrar cerca de 300 m² para construção de armazenamento de combustível, agora é a vez da Interelli, que iniciou um novo aterro em uma área de 100 m² adjacente à primeira intervenção. O mais alarmante é a ausência de qualquer placa informativa sobre a obra, levantando suspeitas sobre a regularidade da iniciativa.
Os manguezais desempenham um papel crucial no equilíbrio ecológico. Além de servirem como berçários para diversas espécies marinhas, ajudam a proteger a costa contra erosão e atuam como barreira natural contra tempestades. A destruição desses ecossistemas pode trazer impactos de longo prazo, incluindo a perda de biodiversidade e o aumento da vulnerabilidade ambiental da região.
Falta de Transparência e Fiscalização
A falta de informações sobre a obra da Interelli levanta questionamentos sobre o processo de licenciamento ambiental. Segundo a legislação brasileira, qualquer intervenção em áreas de manguezal deve seguir critérios rigorosos, com a devida autorização dos órgãos ambientais, como IBAMA e Secretaria Estadual de Meio Ambiente. A ausência de uma placa com especificações técnicas indica que a transparência não está sendo priorizada pela empresa.
Além disso, a fiscalização por parte dos órgãos responsáveis parece ser inexistente. A população e entidades ambientais têm o direito de saber se a obra possui as devidas licenças e quais são as medidas compensatórias para minimizar os danos ambientais.
Organizações não governamentais, ambientalistas e moradores locais podem e devem acionar os órgãos competentes para exigir esclarecimentos e, se necessário, denunciar irregularidades. A mobilização da sociedade é fundamental para evitar que crimes ambientais sejam cometidos sem consequências.
A equipe de reportagem tentou contato com representantes da Interelli para obter um posicionamento sobre o projeto, mas, até o momento, não obteve resposta. Em breve, retornaremos ao local para mais informações.
A questão que fica é: quem está fiscalizando essas intervenções? E mais importante, até quando o meio ambiente será tratado como um obstáculo para o progresso, em vez de um patrimônio essencial a ser protegido?