A eleição para a liderança do União Brasil na Câmara dos Deputados, inicialmente prevista para esta quarta-feira (19), foi adiada em meio a uma crise interna que expôs divisões profundas dentro do partido. A decisão ocorreu após um acirrado confronto entre duas alas: uma mais oposicionista e outra que busca fortalecer o diálogo com o governo federal.
A reunião desta quarta foi marcada por tensões e embates entre parlamentares, com acusações e queixas abertas. O presidente da legenda, Antonio Rueda, esteve presente, acompanhado pelos ministros Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações), ambos indicados pela sigla ao governo. Após o impasse, ficou decidido que a nova data para a escolha do sucessor de Elmar Nascimento (BA) será definida somente em fevereiro de 2025, com o início do novo ano legislativo.
Entre os candidatos à liderança estão Mendonça Filho (PE), Pedro Lucas Fernandes (MA) e Damião Feliciano (PB). Mendonça Filho é identificado como o mais oposicionista, enquanto Pedro Lucas e Damião apresentam perfis de maior diálogo com o governo, sendo o último mais governista. A escolha do novo líder pode determinar o futuro alinhamento político do União Brasil, que hoje conta com cerca de 60 deputados na Câmara.
O clima de desunião foi reforçado por declarações de parlamentares durante o encontro. O deputado Danilo Forte (CE) manifestou frustração com o adiamento, alertando que o partido corre o risco de perder deputados, reduzindo-se para 30 ou até 25 membros. Por outro lado, governistas argumentam que o adiamento foi consensual e visou evitar um racha mais profundo na legenda.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, fez um apelo por unidade. “Peço a todos que se desarmem, porque o próximo líder precisa de união para representar todos os grupos internos do partido,” afirmou Sabino, destacando que o sucessor de Elmar Nascimento deve seguir o exemplo do atual líder, que conseguiu equilibrar diferentes interesses.
Já o deputado Leur Lomanto Júnior (BA) criticou o clima de divisão e lembrou das brigas anteriores que fragilizaram o partido. “Não queremos voltar a ser piada e sermos chamados de ‘Desunião Brasil’,” declarou.
Com o adiamento da eleição, cresce a expectativa de que a escolha do novo líder seja decidida por voto secreto, o que pode abrir espaço para negociações internas. Deputados avaliam que Damião Feliciano pode se beneficiar da divisão entre Mendonça Filho e Pedro Lucas, o que o colocaria em vantagem no segundo turno.
A crise reflete uma disputa maior: a identidade política do União Brasil. Entre governistas e oposicionistas, a definição de quem liderará o partido em 2025 será crucial para determinar sua relação com o governo Lula e sua atuação no Congresso.
Enquanto isso, o sentimento predominante entre os deputados é de que, independentemente do resultado, o partido precisará enfrentar um árduo caminho para reconstruir a unidade e manter sua relevância no cenário político nacional.