A COP27, Conferência das Partes para mudanças climáticas, está chegando ao fim. E, apesar de duas semanas de evento, muitas decisões devem ser tomadas ainda nas próximas horas. Com isto, espera-se que os anúncios finais atrasem e fiquem para o final de semana ao invés de hoje.
Um dos motivos para isto, é o impasse em discussões como o financiamento dos países ricos para mitigação dos efeitos climáticos em países em desenvolvimento. Outro conceito é o de perdas e danos, para quando os maiores poluidores e causadores do aquecimento global devem compensar os que menos emitem e, geralmente, são os mais pobres.
“Esta COP pode não chegar aos resultados definitivos sobre perdas e danos, mas deve ter algo mais técnico para um texto que defina o conceito e o quanto ele abrange. Isto porque, se isto não for feito, pode ser que os tempos da colonização, por exemplo, sejam levados em consideração na reparação e necessidade de investimentos”, diz Rodrigo Sluminsky, coordenador do eixo de awareness do Laclima, rede de juristas dedicados ao desenvolvimento do direito das mudanças climáticas na América Latina.
Ainda de acordo com o executivo que acompanha os movimentos direto da COP27, a definição de financiamento climático também está em jogo. “Só é possível alocar recursos se houve uma taxonomia clara”.
O maior desafio é definir de onde sairá os 100 bilhões de dólares anuais dedicado a países mais vulneráveis. A promessa de financiamento feita em 2009 é essencial para mitigar os danos do aquecimento global, que deve ser contido em cerca de 1.5ºC.
“Na semana passada, o enviado especial do clima dos Estados Unidos, John Kerry, disse que não tinha dinheiro para financiamento. E nenhum país disponibiliza bilhões de dólares sem comprometimentos. Por isto, um tema desta COP é o incentivo ao financiamento privado”, diz Sluminsky.
Para Talita Assis, cientista especialista em meio ambiente e responsável pelo site Amazônia, da EXAME, é importante entender às reflexões sobre a possibilidade de limitar o aquecimento global em até 1.5ºC. “O Acordo de Paris define o limite como 2ºC, sendo abaixo disto uma intenção. De todo modo, os países que estão questionando como se manter em até 1.5ºC são os que veem seu desenvolvimento em risco devido às mudanças e pressão por descarbonização”, afirma. É por isto, por exemplo, que especialistas falam sobre Índia, China e Indonésia à frente do movimento para aumentar o limite para 2ºC.
De acordo com os anúncios oficiais da COP27, a eliminação de combustíveis fósseis também é uma das questões mais discutidas. “Os Estados Unidos, a Índia, a Colômbia e até o maior produtor de petróleo e gás, a Noruega, falaram sobre a necessidade de um compromisso de eliminar gradualmente todos os combustíveis fósseis, ampliando a linguagem já adotada em Glasgow sobre carvão para petróleo e gás”, aponta comunicado.
Em relação ao Brasil, o que se pode ver é a contínua intenção de colocar a Amazônia como protagonista para resoluções como emissões de crédito de carbono. Na COP, o presidente eleito Lula falou da intenção de realizar a COP30, em 2025 no Brasil. Além disto, o forte movimento das empresas para anunciar programas mais sustentáveis pode colocar o país na liderança dos temas de mudanças climáticas.
Fonte: Exame