A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) está promovendo mais uma edição da campanha Maio Roxo, dedicada a conscientizar a população sobre as doenças inflamatórias intestinais (DIIs), que afetam o trato gastrointestinal. Ao longo do mês, a SBCP divulgará materiais informativos no Portal da Coloproctologia, visando esclarecer dúvidas sobre essas condições de saúde. A campanha culmina no Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais, em 19 de maio.
De acordo com o diretor de Comunicação da SBCP, Helio Antonio Silva, as DIIs têm sido cada vez mais diagnosticadas no Brasil, destacando-se por um aumento significativo nos últimos anos. Um estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, com base em dados de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), revelou um crescimento de 15% na prevalência dessas doenças entre 2012 e 2020.
A prevalência das DIIs atingiu 100 casos para cada 100,1 mil habitantes, em comparação com os 30 casos por 100 mil habitantes registrados em 2012. As regiões Sudeste e Sul do país apresentaram a maior concentração dessas condições. O estudo, publicado na revista Lancet em 2022, destaca que as DIIs afetam mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo.
O médico Paulo Gustavo Kotze, membro titular da SBCP e coautor do estudo, ressaltou que o aumento da prevalência das DIIs pode estar relacionado ao estilo de vida ocidentalizado, à dieta e ao perfil genético dos pacientes. Ele observou que essas doenças são mais comuns em sociedades industrializadas, como ocorre no Sul e Sudeste do Brasil, cuja incidência já se assemelha à de países europeus.
Embora a causa exata das DIIs ainda não seja totalmente compreendida, acredita-se que fatores como histórico familiar, alterações no sistema imunológico, mudanças na microbiota intestinal, dieta e influências ambientais desempenhem um papel significativo. O tabagismo, por exemplo, é um fator de risco conhecido para agravar a doença de Crohn.
As DIIs mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, afetando principalmente adolescentes e adultos jovens. Essas condições são crônicas e não têm cura, mas podem ser controladas com tratamento adequado. Os principais sintomas incluem diarreia persistente, sangue nas fezes, perda de peso, fadiga e dor abdominal.
A campanha Maio Roxo destaca a importância de uma dieta adequada no manejo das DIIs, enfatizando que bons hábitos alimentares podem ajudar a prevenir crises e manter a remissão da doença. A dieta deve ser personalizada de acordo com as necessidades individuais de cada paciente e orientada por uma equipe multidisciplinar, que inclui médicos e nutricionistas.