O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta quinta-feira (25) Carlos Alberto Decotelli da Silva para ministro da Educação. A escolha do substituto de Abraham Weintraub foi anunciada pelo presidente em sua página no Facebook. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Decotelli foi presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) entre fevereiro e agosto de 2019, segundo informações disponíveis no site do MEC — ou seja, já no governo Bolsonaro, de cuja transição também participou.
De acordo com o post do presidente e o currículo Lattes do novo ministro, Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), mestre pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), doutor pela Universidade de Rosário, na Argentina, e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Ele também é oficial da reserva da Marinha e lecionou cursos para militares.
Um dos principais desafios que Decotelli deverá encarar é a realização do Enem 2020, que foi adiado devido à pandemia de Covid-19 — escolas estão fechadas em todo o país. A prova estava prevista para novembro e ainda não teve uma nova data confirmada. O MEC conduz até julho uma enquete com os inscritos para que escolham a nova data da prova.
Terceiro ministro em 18 meses
Decotelli será o terceiro ministro da Educação em um ano e meio de governo Bolsonaro, e não vinha figurando nas listas de cotados para assumir o MEC. Antes dele, ocuparam o cargo Ricardo Vélez Rodríguez e Abraham Weintraub.
Vélez ficou menos de quatro meses no MEC, e Weintraub, pouco mais de um ano. Ambos colecionaram polêmicas durante suas gestões e tiveram saídas turbulentas.
Weintraub, por exemplo, está respondendo a um processo em que é acusado de racismo e pode ser incluído no chamado inquérito das fake news, em que o STF (Supremo Tribunal Federal) apura ameaças, ofensas e disseminação de notícias falsas sobre a Corte. Na reunião ministerial de 22 de abril, o ex-ministro chamou os integrantes do Supremo de “vagabundos” e defendeu a prisão deles.
Weintraub também enfrentou protestos em todo o país depois de anunciar o contingenciamento de verbas para universidades federais e prometer cortar recursos de instituições onde houvesse, em suas palavras, “balbúrdia”.
Vélez, por sua vez, chegou a pedir que alunos fossem filmados cantando o hino nacional e defendeu a revisão da abordagem em livros didáticos para que o golpe militar de 1964 e os 21 anos de ditadura que vieram em seguida não fossem tratados como um regime autoritário, mas como um “regime democrático de força”.
Em entrevista à CNN agora à tarde, Vélez descreveu Decotelli como “um gestor competente, sem ser uma pessoal radical do ponto de vista ideológico, preservando o respeito pelas liberdades e pelas instituições”.
Pelo Twitter, o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, disse que “o novo Ministro da Educação não tem praticamente nenhuma experiência ou proximidade com a educação, a não ser ter sido presidente do FNDE há alguns meses atrás, em que é acusado de ter gastos abusivos com viagens.” Segundo Montalvão, “Bolsonaro entrega o MEC ao mercado financeiro.”
Fonte: CNN Brasil.