O Globo
O ministro da Cidadania, Osmar Terra, não será mais enviado para a posse de Alberto Fernández na Argentina, na próxima terça-feira, por decisão do presidente Jair Bolsonaro. A tendência é que o governo brasileiro não tenha representante na cerimônia. A informação foi antecipada pelo jornal argentino “Clarín” e confirmada pelo GLOBO.
No início de novembro, Bolsonaro anunciou que o Brasil não enviaria ninguém para a posse. Depois, no entanto, afirmou que Terra representaria o país. A vivência política do ministro na fronteira entre os dois países — Terra é gaúcho e foi prefeito de Santa Rosa — pesou para a escolha. O ministro também morou em Buenos Aires na década de 1970, durante a ditadura militar brasileira.
Bolsonaro e Fernández trocaram acusações mútuas durante a campanha eleitoral argentina. O presidente brasileiro — que torcia pela reeleição de Mauricio Macri, de centro-direita — ficou irritado quando o peronista postou, na noite de sua vitória, um post no Twitter felicitando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por seu aniversário e pedindo a sua libertação. Fernández já havia visitado o ex-presidente quando ele estava preso em Curitiba.
— Agora, não vou à posse de um cara que se elege falando Lula Livre, não vou — declarou Bolsonaro na ocasião, negando-se a parabenizar o eleito.
Mas nos últimos dias, o argentino fez acenos a Bolsonaro. Na quinta-feira, o presidente eleito se reuniu com o presidente da Câmara , Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Buenos Aires, e enviou uma mensagem de “respeito” e “apreço” ao brasileiro. Além disso, Daniel Scioli, escolhido para ser embaixador da Argentina no Brasil, disse em entrevista ao GLOBO que terá a missão de “aproximar posições” e “desestressar a relação”. Scioli, que participou da reunião com Maia, afirmou que no encontro os dois coincidiram na necessidade de “deixar os desencontros (com Bolsonaro) para trás”.
Bolsonaro, por sua vez, disse que teria um relacionamento pragmático com a Argentina, mantendo a boa relação comercial. A Argentina é terceiro maior parceiro comercial do Brasil, depois de China e Estados Unidos, e o maior comprador de produtos industriais brasileiros, embora o comércio bilateral esteja sofrendo com a desaceleração do crescimento nos dois países.
O ex-presidente Lula não irá à posse de Fernández.