Uma pesquisa recente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA) revelou que a coleta seletiva porta a porta no Brasil alcançou apenas 14,7% da população em 2022. Essa baixa eficiência é ainda mais acentuada na região Nordeste, onde apenas 1,9% dos habitantes têm acesso ao serviço.
César Galvão, superintendente da ABREMA, expressou preocupação com a situação, destacando que entre 15 e 20 milhões de brasileiros não têm acesso ao serviço de coleta de lixo. Além dos problemas ambientais associados à falta de coleta adequada, como poluição dos solos e dos mares, Galvão ressaltou que muitas residências lançam seu lixo de forma inadequada em terrenos baldios ou até mesmo queimam ou enterram seus resíduos.
As estimativas do levantamento indicam que nenhuma região brasileira está no caminho para alcançar a meta de reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades até 2030, conforme estabelecido nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A bióloga e engenheira civil Mirella Glajchman destacou que o problema vai além da coleta de lixo e inclui o tratamento inadequado do esgoto. Ela apontou questões como escassez de profissionais especializados, burocracia processual e questões políticas como obstáculos para um atendimento adequado à população.
O relatório também revelou que nenhum município brasileiro está na faixa de população mais alta no Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU), evidenciando que a coleta domiciliar está longe da universalização, deixando cerca de 25% dos lares brasileiros desatendidos.
Diante desse cenário, fica evidente a necessidade de políticas públicas mais eficazes e investimentos direcionados para melhorar o acesso da população brasileira aos serviços de coleta seletiva de lixo e tratamento de resíduos, visando não apenas a preservação do meio ambiente, mas também a promoção de uma qualidade de vida adequada para todos os cidadãos.