Mais um peixe-boi marinho foi encontrado morto na Reserva Extrativista (Resex) da Baía do Tubarão, no Maranhão, acendendo um alerta grave para a conservação da espécie ameaçada de extinção. O animal, encontrado no último dia 9 de abril, é o terceiro a aparecer morto em menos de um mês — uma sequência trágica que preocupa moradores, ambientalistas e especialistas.
A Baía do Tubarão é reconhecida como a área com a maior concentração de peixes-boi em vida livre no Brasil, sendo considerada essencial para a preservação da espécie. O primeiro caso registrado foi o de um filhote, no dia 18 de março. Já o segundo, um adulto, foi encontrado em 31 de março. Agora, o novo episódio reforça a gravidade da situação.
Lideranças das comunidades tradicionais das ilhas que compõem a Resex têm denunciado a ausência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na região. Segundo elas, a gestão em São Luís tem se mostrado inativa e os encaminhamentos oficiais são lentos. “Parece que estamos sem ninguém no órgão responsável por nos apoiar”, desabafa uma das lideranças locais, que pede providências imediatas.
Frente ao silêncio institucional, organizações da sociedade civil têm se mobilizado para dar suporte às comunidades. O Instituto Amares, por exemplo, tem prestado auxílio direto aos moradores diante dessa crise ambiental.
Além dos peixes-boi, relatos indicam uma crescente quantidade de mortes de outros animais na região, o que levanta a suspeita de causas ambientais ou ações humanas que precisam ser urgentemente investigadas. Tentativas de contato com a presidência nacional do ICMBio foram feitas por ONGs, entidades locais e lideranças comunitárias, mas, até o momento, não houve retorno por parte do Presidente Mauro Oliveira Pires.
O cenário é alarmante. A falta de resposta das autoridades federais contrasta com os esforços das organizações locais, que, mesmo com recursos limitados, têm buscado entender o que está acontecendo na baía que abriga o maior número de peixes-boi do país.
As comunidades da Resex pedem providências urgentes: investigação técnica sobre as causas das mortes, reforço na fiscalização ambiental e uma presença mais ativa do ICMBio. Para elas, a proteção do peixe-boi marinho é mais do que uma questão ambiental — é uma questão de sobrevivência cultural e ecológica.
“Se continuarmos assim, vamos perder não só os peixes-boi, mas todo um modo de vida que depende da harmonia com a natureza”, afirma uma moradora da região.
O apelo está lançado. Resta saber se as autoridades vão ouvir antes que mais uma vida marinha seja perdida.