As previsões de todos os especialistas apontam para as piores semanas, talvez meses, com dezenas de milhares de pessoas morrendo enfrentando a covid-19 e o colapso de um sistema de saúde que até agora tem dado conta do recado bravamente.
A comparação mais comum é que as quase quatro mil vidas seriam como mais de 10 aviões lotados caindo todo dia, sem sobreviventes. E, no caso da covid-19, não são os passageiros as únicas vítimas diárias.
Tenho conversado com muitos profissionais da linha de frente, maranhenses e de outros estados; tenho visto em seus olhos a dura realidade do ônus que já existe em outros estados e que pode chegar aqui: o de decidir quem vai primeiro para a valiosa vaga de UTI existente. Tenho ouvido soluços de profissionais relatando os momentos que antecedem a uma intubação, quando os pacientes entregam seus telefones aos enfermeiros, após o choro, a tristeza, a voz apavorada em ligações telefônicas breves, que, em 50% dos casos, é de despedida de seus entes queridos.
Tenho rezado por esses profissionais que buscam forças, mesmo exauridos após 14 meses de combate. São sempre panglossianos com suas palavras otimistas, não desnudam o crítico quadro de saúde de pessoas que são convencidas a aceitar a ventilação mecânica ao saber que é a alternativa para não sucumbirem, por insuficiência respiratória, em poucas horas.
Também rezo e peço luz divina na mente de pessoas que acreditam em tudo o que leem nos grupos de redes sociais e que estão de costas para a ciência; que não seguem normas de controle sanitário e medidas restritivas ao bradarem que um “tratamento precoce” cura e resolve. Rezo por gente que me alcança até pela madrugada pedindo ajuda para encontrar um leito, e também pelos que só enxergam interesses individuais; desde pequenos prazeres a grandes lucros, colocando os interesses da coletividade em segundo plano.
Essa receita do tratamento precoce gerou tragédias como a de Manaus, Porto Alegre, Araraquara, e vai gerar onde não for compreendido que as medidas sanitárias devem ser obedecidas.
Também peço sempre a Deus pelos parentes e pelas vítimas desse vírus, e tenho lutado para ajudar a evitar mais mortes. Acredito que cada um pode fazer a sua parte; seja um simples cidadão ou mesmo uma empresa.
Esta pandemia é uma prova de fogo para a humanidade, e por isso o peso deve ser compartilhado. Não podemos deixar todo o peso sobre os profissionais de saúde ou pessoas que estão trabalhando na retaguarda deles. Acima de tudo, não podemos sabotá-los impingindo mais peso ainda nas suas difíceis missões.
Precisamos todos ajudar, mostrar que temos responsabilidade, e exercer a nossa liderança em casa, na rua, no bairro, no trabalho, na igreja, na administração pública e na política de saúde, para que tenhamos o máximo de pessoas vivas para ajudar na reconstrução de nossas cidades, estados e países.
Precisamos dar o melhor de nós. Ter os melhores de nós na liderança dessa guerra fará toda a diferença. A hora pede líderes sensíveis a todos e não apenas à sua própria situação ou seu entorno; solícitos e dedicados a fazer o bem e ter empatia com o próximo. E líderes solidários com o momento plural que ainda está permeado por egoísmos individualistas.
Acredite, você pode contribuir! A humanidade está clamando pela sua contribuição.
SIMPLICIO ARAÚJO
SECRETÁRIO DE INDUSTRIA, COMERCIO E ENERGIA