Por Steffano Silva Nunes
No Maranhão o esforço é entender como as forças vão se organizar e se reagrupar daqui pra frente. Estávamos acostumados com dois polos, mas o resultado no estado, e principalmente em São Luís, mostrou um novo cenário. Constatou-se um racha na base do governo com muita clareza. Ficou a impressão de que ninguém confia em ninguém. Está difícil prever quem mais ganhou com essa desarrumada, digamos assim.
Nacionalmente, as forças políticas de Lula e do PT, na esquerda; e de Bolsonaro, na direita, não tiveram números favoráveis em uma análise de aumento de suas influências a partir do número de prefeitos e vereadores eleitos pelo país afora. Apesar disso é pouco provável que a eleição presidencial fuja da polarização entre Bolsonaro e Lula. O primeiro parte da vantagem de disputar a eleição no cargo de presidente e a estrutura do cargo gera muita visibilidade, apesar do seu crescente desgaste na classe média. O segundo, Lula, já demonstrou grande força mesmo em situação adversa, e se tornou o maior fiador e eleitor de Haddad e Manuela no pleito anterior. Tem muita água pra rolar até 2022 e tem muitos atores se apresentando para tentar roubar a cena, mas a tendência é que a polarização ocorra ai entre essas duas forças políticas nacionais.
Na esquerda se fala muito na construção de uma grande frente para enfrentar o atual presidente da república. Alguns sustentam que seja uma frente ampla capaz de unificar através do discurso de defesa da democracia e que alcance boa parte do centro, outros querem uma frente mais identificada com a pauta da própria esquerda. A ideia da unidade é sempre bem-vinda. Mas a pergunta que fica no ar é: unidade em torno de quem? Pois vai chegar a hora de definir o nome que vai encarar a disputa representado os demais e é bem aí que a coisa pega.
Lula já está com a barba de molho. Sabe que boa parte do discurso de unidade, vem exatamente de quem quer capitalizar em cima do chamamento conciliatório. Não é à toa que o governador Flávio Dino foi votar com a camisa Lula Livre, já sabendo que as pesquisas mostravam a derrota do seu candidato em São Luís e tentou tirar uma casquinha na popularidade do ex-presidente. Foi um esforço de acenar nacionalmente e chamar atenção da própria esquerda se mostrando como aliado e parceiro de Lula. Como se dissesse: não esqueçam de mim na eleição presidencial. Acho até que poderia dar certo, se houvesse uma amnésia generalizada fazendo todos não lembrassem que quem hoje acena, já andou por aqui de mãos dadas com Aécio Neves e também não veiculou na sua propaganda eleitoral, quando candidato ao governo, as inserções de Haddad e Manuela.
A soberania do povo, mais uma vez, com sua palavra, dirá lá na frente quem de fato foram os vencedores e os vencidos.