O Vaticano se tornou um líder improvável na regulamentação da Inteligência Artificial (IA), lançando um manual de ética detalhado para a tecnologia emergente. O desenvolvimento deste guia foi impulsionado por preocupações crescentes em relação ao avanço da IA e suas implicações no trabalho, na vida cotidiana e na privacidade dos indivíduos.
Este manual de ética, com 140 páginas, foi criado em parceria entre o Dicastério para a Cultura e a Educação do Vaticano e o Centro Markkula para a Ética Aplicada da Universidade de Santa Clara (SCU). A linguagem utilizada é acessível tanto para o mundo dos negócios quanto para o da engenharia, facilitando a aplicação das recomendações e padrões propostos por profissionais dessas áreas.
Propósito do manual de ética para IA do Vaticano
O manual serve como um guia para orientar todos os aspectos da IA, desde a sua programação até o uso no dia a dia. Ele busca abordar as preocupações éticas associadas à tecnologia, respondendo a inquietações expressas não apenas por acadêmicos, mas também por trabalhadores que temem perder seus empregos para a automação, e legisladores que buscam compreender as implicações desta nova era tecnológica.
O manual é gratuito e está disponível para download, e apresenta sete princípios orientadores, além de 46 princípios específicos para orientar o desenvolvimento e o uso da IA. Um desses princípios é o “Respeito pela dignidade e direitos humanos”, com foco na “privacidade e confidencialidade”, insistindo que os dados não necessários não devem ser coletados.
A visão da Igreja Católica sobre a IA
A Igreja Católica, cuja sede se localiza na cidade-estado do Vaticano, mantém uma visão ampla e inclusiva do mundo, abarcando a tecnologia e seus avanços. O Papa, como líder espiritual, considera que a tecnologia tem um papel importante a desempenhar na sociedade, mas com o rápido desenvolvimento da IA, é necessário fazer perguntas mais profundas.
Padre Brendan McGuire, da paróquia de St. Simon em Los Altos, em entrevista ao Gizmodo, refletiu essa visão: “O Papa sempre teve uma visão ampla do mundo e da humanidade e acredita que a tecnologia é uma coisa boa. Mas, à medida que a desenvolvemos, chega a hora de fazer perguntas mais profundas”.
A publicação deste manual de ética para IA pelo Vaticano marca um passo significativo no entendimento e regulação dessa tecnologia emergente. A medida serve como um lembrete de que, embora a IA possa trazer inúmeros benefícios, é crucial que sua implementação seja conduzida de maneira ética e responsável.
Por Marcony Edson