O primeiro turno das eleições municipais de 2024 marcou um importante avanço na representatividade indígena no Brasil. Candidatos de etnias indígenas foram eleitos prefeitos em sete municípios, destacando-se em regiões como o Norte e o Nordeste do país. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que também apontam a eleição de 214 vereadores indígenas, sendo 180 homens e 34 mulheres, em diversos estados.
A região Norte teve destaque na eleição de prefeitos indígenas. No Amazonas, Egmar Curubinha (PT), da etnia tariana, venceu a disputa em São Gabriel da Cachoeira, município conhecido pela grande população indígena e pela diversidade de línguas e culturas. Em Roraima, dois prefeitos da etnia makuxí foram eleitos: Dr. Raposo (PP), em Normandia, e Tuxaua Benísio (Rede), em Uiramutã.
No Nordeste, o cenário também foi positivo para a representatividade indígena. Na Paraíba, a cidade de Marcação elegeu Ninha (PSD), da etnia potiguar, como a única prefeita indígena entre os eleitos. Em Pernambuco, o Cacique Marcos (Republicanos), da etnia xucuru, foi o vencedor em Pesqueira, município que tem tradição de liderança indígena.
O estado de Minas Gerais também viu a presença indígena se fortalecer nas urnas, com a eleição de dois prefeitos da etnia xacriabá. Em São João das Missões, Jair Xakriabá (Republicanos) foi eleito para comandar o município, enquanto em Manga, a vitória ficou com Anastácio Guedes (PT). As duas cidades têm uma forte presença de comunidades xacriabá, que lutam por direitos territoriais e por maior inclusão nas políticas públicas.
Além dos prefeitos, o avanço da presença indígena nas câmaras municipais foi expressivo. Segundo os dados do TSE, 214 candidatos indígenas foram eleitos como vereadores em diversas cidades brasileiras, o que reflete um crescimento no engajamento político das comunidades indígenas em todo o território nacional. Desse total, 180 são homens e 34 são mulheres, representando uma diversidade de etnias e de regiões.
A eleição de prefeitos e vereadores indígenas representa um passo importante na luta por maior visibilidade e inclusão dessas populações no cenário político brasileiro. Em muitos casos, essas lideranças assumem o compromisso de defender pautas essenciais para as comunidades, como a preservação das culturas tradicionais, a garantia de terras indígenas e o fortalecimento de políticas públicas de saúde e educação voltadas para os povos originários.
As vitórias nas urnas também reforçam o papel das comunidades indígenas na construção de um Brasil mais diverso e representativo. Para lideranças indígenas, como o Cacique Marcos, de Pesqueira, a eleição é uma oportunidade para dar voz às necessidades de suas comunidades. “A nossa vitória nas urnas é a vitória do nosso povo, que há muito tempo luta por respeito, por nossos direitos e pela preservação das nossas tradições”, declarou em entrevista após a vitória.
Os prefeitos e vereadores indígenas eleitos terão pela frente o desafio de conciliar as demandas das comunidades com as responsabilidades administrativas dos municípios. A expectativa é de que essas lideranças possam promover um diálogo mais próximo entre as necessidades das populações indígenas e as políticas públicas municipais.
Para especialistas, a maior presença indígena nas prefeituras e câmaras municipais pode fortalecer a luta por uma agenda de direitos que inclui questões como a demarcação de terras, o combate ao desmatamento e a promoção da educação bilíngue em escolas localizadas em territórios indígenas. Além disso, a eleição de mulheres indígenas para as câmaras municipais é vista como um avanço na equidade de gênero dentro das próprias comunidades.
A eleição de lideranças indígenas em 2024 é um reflexo das transformações políticas no Brasil, que vem reconhecendo cada vez mais a importância da diversidade em sua representação. Com prefeitos e vereadores comprometidos com as causas dos povos originários, há uma nova expectativa de que a política nacional possa, gradativamente, se tornar mais inclusiva e comprometida com a justiça social.
As vitórias nas urnas demonstram que, apesar dos desafios, as comunidades indígenas continuam a lutar por um lugar de protagonismo na sociedade brasileira, contribuindo para a construção de um futuro em que a diversidade cultural e étnica do país seja não apenas reconhecida, mas também valorizada em todas as esferas da administração pública.