O Senado realizou nesta sexta-feira (15) sessão especial em celebração dos 90 anos de regulamentação do exercício profissional da atividade de médico-veterinário. Também foram comemorados os 55 anos de criação do Sistema Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária e a eleição da primeira mulher que irá presidir o CFMV, Ana Elisa Fernandes de Souza Almeida, empossada no cargo durante a cerimônia.
A iniciativa foi do senador Wellington Fagundes (PL-MT), que é médico-veterinário e presidiu a sessão. Em sua fala, ele destacou a importância da atividade profissional.
— A medicina veterinária tem evoluído e se mostrado uma atividade essencial para a saúde da população e para a economia brasileira. Os veterinários desempenham um papel fundamental na segurança dos alimentos consumidos pela população e na prevenção e controle de doenças, incluídas aquelas que são transmitidas aos homens (zoonoses).
O senador ressaltou ainda a importância dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária.
— Sem o trabalho realizado pelos Conselhos Federal e Regionais não haveria fiscalização do trabalho desenvolvido pelos médicos-veterinários e zootecnistas, que estão presentes em mais de oitenta áreas de atuação, como perícias, ensino e pesquisa, produção de remédios e vacinas, nas granjas, frigoríficos e entrepostos. A medicina veterinária é essencial para a preservação da saúde ambiental, animal e humana.
Durante a sessão, o Wellington prestou homenagem ao senador Jonas Pinheiro (1941-2008), “referência no estímulo ao desenvolvimento da agropecuária brasileira, que criou um programa de renegociação de dívida de produtores rurais e fez com que a agropecuária brasileira pudesse ter uma estrutura de financiamento e refinanciamento”. O senador também citou a atuação de Jonas Pinheiro no estímulo à pesquisa e na defesa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Wellington Fagundes saudou ainda Valdon Varjão (1923-2008), “o primeiro senador negro”, que chegou a substituir Jonas Pinheiro no mandato e depois foi eleito para o Senado.
Pesquisador veterano
No início da sessão, foi exibido vídeo sobre o pesquisador e médico-veterinário Milton Thiago de Mello, de 107 anos, que estava presente em Plenário. Professor durante décadas em vários países, ele escreveu mais de 200 textos científicos entre artigos e livros. Além de membro de mais de 30 sociedades científicas, ele já recebeu mais de 20 prêmios e distinções internacionais. Em sua fala, o professor agradeceu a homenagem.
— Perguntaram-me há pouco qual o segredo da longevidade. O segredo é ter amigos, ter amizades e mantê-las. A amizade mantém o psiquismo em condições para reagir as pequenas e grandes agressões. Esqueçam as amargas e tenham presente sempre as atitudes amigáveis perante o mundo —revelou.
Para Mello, o agronegócio sustenta o Produto Interno Brasileiro (PIB) e a veterinária é parte integrante dessa atividade. O professor, porém, afirmou, que o ensino veterinário no Brasil é uma vergonha.
— Como pode ser considerado decente um país com 450 cursos de veterinária, mais que o dobro de todos os cursos de veterinária do mundo. Um dia o Parlamento fará uma lei que permita fechar a maior parte desses cursos, tenho absoluta fé no futuro da veterinária, que será diferente da veterinária que se encontra no limiar, que a ciência modificará e a veterinária acompanhará.
Agradecimentos
Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária que deixou o cargo nesta sexta, Francisco Cavalcanti de Almeida falou sobre a reconstrução da entidade e prestou homenagens a antigos dirigentes, companheiros e apoiadores da instituição.
— A missão nossa é trabalhar para a sociedade. O Conselho é de todos, não podemos errar — defendeu.
A presidente eleita do Conselho Federal de Medicina Veterinária, que assumiu o cargo durante a sessão, Ana Elisa Fernandes de Souza Almeida, agradeceu a homenagem prestada pelo Senado.
— Este dia é muito especial e importante para todos nós porque hoje seremos empossados para presidirmos o Conselho Federal de Medicina Veterinária e, em mais um ato histórico, seremos a primeira mulher a presidir a entidade maior da veterinária e zootecnia no Brasil. Vida longa ao Sistema Conselho Federal e Regionais de Medicina Veterinária, à veterinária e à zootecnia em nosso país — celebrou Ana Elisa, que elogiou a participação das mulheres na medicina em 2023, de 57,5%. Segundo ela, as mulheres são maioria na população brasileira e alcançarão também os espaços de poder e de decisões.
Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bania, Altair Santana de Oliveira disse que a gestão de Ana Elisa à frente do Conselho Federal de Medicina Veterinária será de “equilíbrio e modernidade”.
A nova gestão também recebeu o apoio do presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, Josélio Andrade Moura. Ele enalteceu a pujança do agronegócio brasileiro e garantiu que Ana Elisa “está preparada para uma jornada de modernidade e de integração de todas as entidades representativas da medicina veterinária”.
Presidente da Associação Brasileira de Zootecnia, Marinaldo Divino Ribeiro acredita que a zootecnia brasileira cresceu, expandiu e solidificou-se, tornando-se essencial ao longo dos anos por gerar tecnologia aplicada e formar profissionais de competência para atuar nas várias cadeias produtivas nacionais, contribuindo de forma efetiva para a geração de valor econômico e soberania alimentar ao país.
Antes do encerramento da sessão, médicos-veterinários e zootecnistas que se destacaram nos últimos anos receberam os prêmios Professor Paulo Dacordo (Medicina Veterinária), Professor Octávio Domingues (Zootecnia) e a Comenda Muniz de Aragão (Medicina Veterinária Militar), concedidos anualmente pelo CFMV. Em seguida, foram empossados os novos diretores do Conselho Federal de Medicina Veterinária para o período 2023-2026.
Ao falar em nome de todos os agraciados, a médica-veterinária Ekaterina Rivera, que recebeu o prêmio Professor Paulo Dacorso, agradeceu a homenagem e destacou o trabalho de seus antecessores.
— O futuro nos espera, e nesse futuro precisamos modernizar nossa veterinária tradicional e introduzir novas áreas que surgem em muitos campos de atuação — concluiu.
Fonte: Agência Senado