O ex-presidente da República, José Sarney (MDB), foi homenageado na manhã desta quarta-feira (19) na Assembleia Legislativa do Maranhão. Em solenidade concorrida, com autoridades de todas as esferas de Poder, o emedebista recebeu a Medalha do Mérito Legislativo “Manuel Beckman”, a maior honraria do Poder Legislativo, que foi proposta pelo deputado Roberto Costa (MDB).
A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB); o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB); a deputada federal e ex-governadora Roseana Sarney (MDB) – filha do ex-presidente -; o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Froz Sobrinho; o ministro dos Esportes, André Fufuca; deputados estaduais e federais, prefeitos, vereadores, membros do Poder Judiciário; do Ministério Público; escritores; poetas e lideranças políticas de todas as regiões do estado compareceram à solenidade.
A homenagem foi o ato de maior repercussão política do estado nos últimos meses e reuniu num mesmo ambiente lideranças de diferentes frentes de poder no Maranhão.
Iracema afirmou que José Sarney é uma fonte de inspiração por ter elevado o Maranhão ao cenário nacional.
“José Sarney não é só um político. Ele é cronista, é poeta, é um homem das letras com mais de 120 obras publicadas e ao mesmo tempo é um homem gentil, delicado, conciliador. A forma de ele ver e enxergar a política é uma fonte de inspiração para todo mundo e para nós aqui na Casa de uma forma especial é fonte de inspiração por se tratar de um maranhense que ressaltou em suas obras, o jeito de ser do povo maranhense; a forma de falar o modo de agir, e ele muito nos orgulha, muito nos honra”, enfatizou.
Autor da proposta de homenagem, o deputado Roberto Costa elevou a figura do ex-presidente da República.
“Trata-se um justo reconhecimento a uma das personalidades de maior relevância do país e do Maranhão. José Sarney tem um legado importantíssimo na política e na literatura. Foi presidente da República, governador do Maranhão, deputado federal, senador, presidente do Congresso Nacional e é membro da Academia Brasileira de Letras. É uma homenagem justa desta Casa”, ressaltou.
O governador Carlos Brandão ressaltou a importância de Sarney para o processo de redemocratização do país. Ele lembrou das grandes obras realizadas pela gestão do maranhense no comando do país e o “reposicionamento do país no cenário global”.
Discurso
José Sarney agradeceu a homenagem, fez referência a importância do Parlamento na sociedade. Ele destacou a função do político de servir a sociedade e mediar conflitos e disse ter conseguido cumprir com esses objetivo durante toda a sua trajetória.
Sarney fez uma abordagem histórica sobre a Assembleia Legislativa no Maranhão, detalhando a sua instituição na Província até chegar à nova República.
Também citou maranhenses ilustres que exerceram mandatos no Legislativo Estadual e pontuou algumas de suas experiências práticas na política. Ele também enfatizou o fato de ter criado o Sistema Único de Saúde (SUS), que assegurou saúde para toda a população brasileira.
“Tenho absoluto orgulho de ter presidido a transição democrática”, disse.
E continuou: “Tenho absoluto orgulho de ter presidido a transição democrática”, disse.
E continuou: “Quero agradecer a essa Assembleia Legislativa pela homenagem; a presidente e ao governador pela sua presença. Quero expressar a minha gratidão, que é a expressão do coração. E quero afirmar que eu acredito no futuro do Maranhão [… e parabéns ao povo maranhense]” , disse.
A sessão solene foi transmitida ao vivo pelo Imirante e pela TV Assembleia.
Vídeo
Antes da entrega da medalha um vídeo com toda a trajetória de vida de José Sarney foi apresentado na sessão solene. O vídeo foi editado com imagens históricas da posse de Sarney na Presidência da República; no governo do Maranhão e no Congresso Nacional. Imagens de Sarney com a família também protagonizaram o vídeo.
Autoridades políticas e da literatura do Maranhão e do país; o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes; o governador Carlos Brandão; os filhos Roseana Sarney; Sarney Filho e Fernando Sarney; além de netos e bisnetos do ex-presidente gravaram depoimentos que foram apresentados na ocasião.
Sarney foi aplaudido pelo Plenário do Legislativo Estadual.
Exposição
A Assembleia Legislativa realizou, antes da sessão solene, uma exposição “Hoje é Dia de… José Sarney”, em parceria com a Fundação da Memória Republicana, e composta por painéis que retrataram capas de obras essenciais do autor, trechos desses títulos e críticas de destaque através dos tempos.
A exposição foi instalada no hall de entrada do Plenário Nagib Haickel e destacou parte da produção literária do imortal membro das Academias Brasileira (ABL) e Maranhense de Letras (AML). José Sarney é autor de 120 obras, entre as quais “Norte das águas (contos, 1969), “Marimbondos de fogo” (poesia, 1978), “Sexta-feira, Folha (1994, crônica), “O dono do mar” (romance, 1995), “Saraminda” (romance, 2000) e “A duquesa vale uma missa (romance, 2007).
Na área política, também ocupou os cargos de deputado federal, governador do Maranhão, vice-presidente da República e senador e presidente do Congresso Nacional.
Trajetória de José Sarney
José Sarney de Araújo Costa é advogado, nascido na cidade de Pinheiro (MA), em 24 de abril de 1930. Filho de Sarney de Araújo Costa e de Kiola Ferreira de Araújo Costa. É casado com Marly Macieira Sarney, com quem tem três filhos. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Maranhão (1953).
Ingressou na Academia Maranhense de Letras (1953).
Entrou para a vida política em 1954. Oficial judiciário e diretor da Secretaria do Tribunal de Justiça do Maranhão. Professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade Católica do Maranhão (1957).
Elegeu-se suplente de deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD), assumindo o mandato em 1956 e 1957.
Presidente da União Democrática Nacional – UDN/MA (1958-1965). Deputado federal pelas Oposições Coligadas, legenda integrada pela UDN, Partido Democrata Cristão – PDC e Partido Republicano – PR (1959-1966). Vice-líder da UDN na Câmara dos Deputados (1959-1960). Vice-presidente nacional da UDN (1961-1963).
Com a extinção dos partidos políticos e a imposição do bipartidarismo pelo AI-2, em 27 de outubro de 1965, ingressou na Arena, partido de sustentação do regime militar. Elegeu-se governador do Maranhão (1966-1970).
Senador pela Aliança Renovadora Nacional – ARENA/MA (1971-1979). Presidente do Instituto de Pesquisas e Assessoria do Congresso – Ipeac (1971-1983). Tornou-se presidente da Arena em 1979 e, no ano seguinte, com a instalação do pluripartidarismo, do Partido Democrático Social (PDS). Vice-líder da maioria no Senado (1978-1979).
Um dos fundadores do Partido Democrático Social – PDS (1979) e senador por essa legenda (1979-1985). Presidente da Comissão Diretora Nacional Provisória do PDS (1980).
Presidente nacional do PDS (1980-1984).
Academia Brasileira de Letras
Em 1980, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Em 1984, juntamente com outros dissidentes do PDS, passou a integrar a Frente Liberal, que o lançou como vice-presidente da República na chapa de Tancredo Neves, do PMDB, tendo sido eleito pelo Colégio Eleitoral em janeiro de 1985.
Assumiu interinamente a presidência, em 15 de março de 1985, em virtude da doença de Tancredo Neves e, com a morte de Tancredo, em 21 de abril, foi efetivado no cargo.
Após o término de seu mandato presidencial, elegeu-se duas vezes senador pelo estado do Amapá (1991 e 1999). Presidente do Senado no período de 1995 a 1996 e 2003 e 2004.
Principais obras:
A Canção Inicial (1952, poesia)
A pesca do curral (ensaio, 1953)
A canção inicial (poesia, 1954)
Norte das águas (contos, 1969)
Marimbondos de fogo (poesia, 1978)
O parlamento necessário (1982, discursos, 2 volumes)
Falas de bem-querer (1983, discursos)
Dez contos escolhidos (1985)
Brejal dos Guajas e outras histórias (1985)
A palavra do presidente (1985-1990, discursos, 6 volumes)
Sexta-feira, Folha (1994, crônica)
O dono do mar (romance, 1995)
Mercosul, o perigo está chegando (1997, geopolítica)
Amapá, a Terra onde o Brasil começa (1998, história)
A onda liberal na hora da verdade (1999, crônica)
Saraminda (romance, 2000)
Saudades mortas (poesia, 2002)
Canto de página (2002, crônica)
Crônicas do Brasil contemporâneo (2004, 2 volumes)
Tempo de pacotilha (2004)
20 anos de democracia (2005, discursos, 2 volumes)
20 anos do Plano Cruzado (2006 discursos)
Semana sim, outra também (2006, crônica)
A duquesa vale uma missa (romance, 2007)
Maranhão – sonhos e realidades (romance, 2010)
Galope à beira-mar: Casos e acasos da política e outras histórias (memórias, 2018).
Fonte: Ipolítica