Guardados em nossos lares, o silêncio se encarregará de reproduzir para nós os sons das matracas, pandeirões, tambor onça, instrumentos de sopro e tantas outras batidas que alegra o coração do maranhense.
O mês de junho, conhecido como mês junino, tem a sua própria marca e costuma ser um dos meses mais festivos, um verdadeiro passeio pelos ritmos da cultura popular maranhense que atraem gente de todas as idades e do mundo inteiro. É uma grande festa com a união de várias famílias que festejam, vivem o folclore e a diversidade maravilhosa que temos.
No sábado de aleluia se dar início aos ensaios das brincadeiras: bumba meu boi, tambor de crioula, quadrilha, cacuriá, dança portuguesa e tantas outras manifestações culturais que são perpetuadas pelas crianças, jovens, adultos e idosos que se preparam para brilhar e encantar as noites pelos diversos arraiais espalhados pelo Nordeste, pelo Maranhão, pela Ilha encantada de São Luís.
É de nossa natureza sermos um povo acolhedor, alegre, com uma bela e diversa manifestação cultural e neste cenário de festa, celebramos os santos mais populares do povo nordestino: Antônio, João, Pedro e Marçal. Festança e Fé se misturam! As fogueiras acesas nas calçadas e praças, as comidas típicas oriundas dos nossos ancestrais que ultrapassam o tempo, as brincadeiras e brinquedos, balões e fogos de artifício nos ajudam a celebrar nas igrejas uma liturgia inculturada na festa dos Santos católicos.
Deixamos-nos envolver pelas danças e belas toadas tão ricas de significado e fé, pelos ritmos e calor humano à cada apresentação a nós demonstrada pela criatividade e beleza das indumentárias, pela rica e diversificada culinária e sobretudo pelos festejos, ladainhas e bênçãos dos grupos que seguindo o “ritual”, só saem para celebrar nos arraiais da vida com a permissão Divina.
Esse ano será diferente, não teremos arraiais nem apresentações, tão pouco turistas ou o nosso povo que contribui na renda extra de muitas famílias que comercializam produtos e serviços típicos da época junina, mas continuaremos tendo um povo que ama, incentiva e valoriza a cultura, que mesmo no isolamento social, lembrará com muita saudade das cantigas e toadas, ritmos, sotaques, apresentações e momentos vividos em tantas celebrações nos largos e terreiros dos arraiais da vida.
Aqui destaco a tradição das brincadeiras que se apresentam anualmente dia 13 no largo da Igreja de Santo Antônio. A fé do brincante que vai ao encontro do Divino pedindo benção e proteção para bem concluir a temporada junina, assim ocorre no dia 24 na igreja de São João e 29 no largo da capela de São Pedro, finalizando a temporada no dia 30 aos pés de São Marçal no bairro do João Paulo.
Como não recordar os sons das matracas e pandeirões, as mais criativas e famosas toadas, os duelos entre os cantadores, como não lembrar de grupos organizados que buscam fazer um resgate histórico, cultural e religioso por todo o país. Em cada região, a festa assume uma particularidade, seja no passo da música, na preparação das comidas ou na forma de se devotar.
O brilho do São João toma conta do país, mas é no Nordeste que o coração junino pulsa com maior intensidade, é a região que ainda concentra as grandes festas juninas, é um momento de alegria e esperança para um povo que não se cansa de celebrar a vida.
A cultura não morreu e não morrerá!
Viva Santo Antônio!
Viva São João!
Viva São Pedro!
Viva São Marcal!
Viva a cultura!
*Pe. Admilson de Jesus*
PSJBatista de Vinhais