Vaticano, 8 de maio de 2025 — Uma nova era tem início no Vaticano. O cardeal norte-americano Robert Prevost foi eleito nesta quinta-feira (8) como o novo papa da Igreja Católica, adotando o nome de Leão XIV. A fumaça branca que emergiu da Capela Sistina durante a tarde marcou o fim do conclave e o início de um novo pontificado que já entra para a história: Prevost é o primeiro papa dos Estados Unidos e o primeiro oriundo de um país de maioria protestante.
A eleição de Leão XIV ocorreu após quatro votações — sendo três realizadas ao longo desta quinta-feira. A confirmação provocou comoção entre os fiéis que lotavam a Praça de São Pedro, muitos deles emocionados ao testemunhar o momento histórico.
De missionário no Peru ao trono de Pedro
Nascido em Chicago e com 69 anos, Prevost possui uma trajetória profundamente marcada pela América Latina, especialmente pelo Peru, onde atuou por mais de uma década como missionário e depois como bispo. Durante esse período, viveu sob o governo de Alberto Fujimori e chegou a cobrar responsabilização por violações dos direitos humanos cometidas naquela época.
Reconhecido por seu perfil discreto e voz serena, Leão XIV carrega o selo de reformista, sendo próximo da linha progressista adotada por seu antecessor, Francisco. Teólogo e especialista em direito canônico, Prevost chegou ao Vaticano com autoridade: foi prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina — funções que o colocaram no centro das decisões mais estratégicas da Igreja nos últimos anos.
Um pontificado entre esperanças e controvérsias
Apesar do prestígio e da sólida formação, a eleição de Prevost não vem sem desafios. Em 2023, ele enfrentou acusações de suposto acobertamento de abusos sexuais cometidos por padres no Peru. Segundo as denúncias, ele teria demorado a tomar providências após o recebimento dos relatos. A diocese local nega irregularidades e o Vaticano ainda apura o caso.
Leão XIV assume a liderança da Igreja em um momento de profundas transformações sociais e eclesiais. Com sua eleição, cresce a expectativa por continuidade nas reformas iniciadas por Francisco, especialmente no que diz respeito à inclusão de leigos, maior participação das mulheres e combate aos escândalos de abusos.
Sua escolha também reforça o papel cada vez mais relevante da América Latina e das igrejas periféricas no cenário católico global. Se as origens são norte-americanas, a alma do novo papa parece ter sido moldada em solo latino-americano — e é com esse legado que ele agora enfrenta a missão de conduzir a fé de mais de um bilhão de católicos pelo mundo.