A palavra “metaverso” está em toda parte. Recentemente, a Microsoft a citou como uma das razões para adquirir a desenvolvedora de jogos Activision Blizzard por US$ 68,7 bilhões, dizendo que o acordo forneceria “blocos de construção para o metaverso”. O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, também apostou no segmento e rebatizou sua empresa de redes sociais de Meta. O Google trabalha com tecnologia relacionada ao metaverso há anos. E a Apple tem os próprios dispositivos relacionados em andamento.
Mas o que o metaverso realmente significa? Ele existe? Aqui está o que você precisa saber.
P: O que é o metaverso, afinal?
R: O metaverso é a convergência de duas ideias que existem há muitos anos: realidade virtual e uma segunda vida digital.
Há décadas, os tecnólogos sonham com uma era em que nossa vida virtual tenha um papel tão importante quanto nossa realidade física. Em teoria, passaríamos muito tempo interagindo com amigos e colegas no espaço virtual e, como resultado, também gastaríamos dinheiro lá, em roupas e objetos para nosso avatar digital.
No que pessoas como Zuckerberg chamam de metaverso, a realidade virtual serve como uma plataforma de computação para viver uma segunda vida on-line. Na realidade virtual, você usa um dispositivo que o mergulha em um ambiente 3D, manuseia controles de detecção de movimento para interagir com objetos virtuais e usa um microfone para se comunicar com os outros.
Matthew Ball, capitalista de risco que escreveu extensivamente sobre o tema, afirmou que o metaverso representa a quarta onda para os computadores, seguindo a computação em mainframe, a computação pessoal e a computação móvel. “O metaverso está se transformando no que chamamos de computação ambiente. Trata-se de estar dentro do computador em vez de acessar o computador; de estar sempre on-line em vez de sempre ter acesso a um mundo on-line.”
P: É só isso? É você com seu avatar interagindo com outros em um ambiente digital?
R: Simplificando, sim.
P: O metaverso já existe nos jogos?
R: Até certo ponto, já existe um metaverso nos jogos, porém – e é um porém importante – é rudimentar.
Alguns elementos sociais do metaverso já podem ser encontrados em videogames. Por exemplo, o Fortnite, jogo on-line jogado em computadores, consoles de videogame e dispositivos móveis. O jogador médio de Fortnite passa centenas de horas no jogo com um avatar pessoal, lutando e interagindo com o avatar de outros jogadores. Os jogadores também acumulam moedas virtuais que desbloqueiam roupas e outros apetrechos para personalizar seu avatar.
Um precursor do metaverso também podia ser encontrado no Second Life, plataforma social on-line desenvolvida pelo Linden Lab há quase duas décadas, em que as pessoas criavam representações digitais de si mesmas para socializar com outras. Nesse espaço, os usuários podiam comprar e construir propriedades para enriquecer sua vida virtual.
A realidade virtual também é um pouco avançada nos videogames. Em 2016, a Sony lançou o PlayStation VR, de US$ 400, um dispositivo de realidade virtual que se conectava ao console PlayStation 4 para dar acesso a jogos desse tipo. Este mês, a Sony anunciou que uma segunda geração do dispositivo estava chegando para o PlayStation 5, embora não tenha divulgado uma data de lançamento.
Mas esses eram apenas passos em direção ao metaverso completo, que ainda está tomando forma. Os tecnólogos afirmam que, graças a uma série de coisas – conexões rápidas com a internet, dispositivos de realidade virtual poderosos e um grande público de jogadores –, agora há mais possibilidade de viver em uma simulação 3D ricamente animada e realista. “Foi só nos últimos anos que uma massa crítica de peças se juntou”, observou Ball.
P: O que a Activision Blizzard desenvolve para o metaverso?
R: Verdade seja dita: não muito.
A Activision Blizzard é conhecida por fazer jogos on-line que têm um componente de metaverso, nos quais os jogadores passam centenas de horas formando comunidades. Em seu jogo de RPG World of Warcraft, lançado em 2004, os jogadores trabalham juntos para completar missões, visando tornar seu avatar digital mais forte ao coletar itens como armas e armaduras.
Mas a empresa não se envolveu com a realidade virtual. Ela basicamente desenvolve jogos para computador pessoal e consoles de videogame, mas ainda não lançou um jogo de realidade virtual.
P: O que a Microsoft está desenvolvendo para o metaverso?
R: Até agora, o trabalho da Microsoft no metaverso está apenas no começo.
Por vários anos, a gigante do software desenvolveu o HoloLens, dispositivo de US$ 3.500 que mostra hologramas digitais, com foco em aplicativos para empresas e agências governamentais. Está relacionado à realidade aumentada, que, segundo alguns tecnólogos, fará parte do metaverso futuro.
A Microsoft também é a desenvolvedora do Xbox, o segundo console de jogos mais popular depois do Sony PlayStation. Ao contrário do PlayStation, porém, o Xbox está ausente do espaço de jogos de realidade virtual.
Fonte: The New York Times Company