Ana Marcela Cunha é considerada uma das maiores nadadoras de águas abertas do mundo, acumulando conquistas em todas as competições nos últimos anos. Mas faltava uma. Tentando a medalha olímpica desde Pequim, em 2008, ela finalmente veio numa prova emocionante em Tóquio, onde a brasileira disputou cada braçada no pelotão da frente para terminar com a medalha de ouro na maratona aquática de 10km nos Jogos.
A baiana de 29 anos não deixou a disputa pelo pódio em nenhum momento. Começou num ritmo muito forte e passou em primeiro em algumas voltas. Quando foi superada pelas rivais, nunca saiu dos cinco primeiros lugares. Até que a prova chegou nos últimos minutos com a brasileira liderando para bater como campeã em 1:59:30. A prata ficou com a holandesa Sharon van Rouwendaal, e o bronze com a australiana Kareena Lee.
“Finalmente. Querendo ou não é o quarto ciclo olímpico. Um amadurecimento muito grande para chegar aqui. Acreditem nos seus sonhos. Agradecer meu clube, meus pais, minha namorada. Eu sonhava muito com uma medalha olímpica, mas ia ter um gostinho especial ser campeã olímpica. Quero dizer que todos brasileiros que ganharam medalha até agora foram um incentivo muito grande, principalmente [Fernando] Schefer e Bruno [Fratus]. Como se diz, uma raia é uma chance, praticamente é isso aqui. Deixei escapar por algumas vezes e hoje posso sair daqui campeã olímpica”, disse na saída da água em entrevista ao Sportv.
Essa é segunda medalha do país na maratona aquática, a segunda consecutiva. Poliana Okimoto foi bronze no Rio de Janeiro há cinco anos.
No Japão, a delegação brasileira chega agora a 15 medalhas, sendo quatro de ouro: Ítalo Ferreira, no surfe, Rebeca Andrade, na ginástica artística, Martine e Kahena, na vela, e agora Ana Marcela Cunha.
Longa caminhada olímpica
Em 2008, na estreia da modalidade em Pequim, com só 16 anos, Ana Marcela fez uma grande prova, mas no fim acabou terminando no quinto lugar. Era só o começo, mas a caminhada olímpica sofreu um baque quando ela terminou o Mundial no 11º lugar na prova dos 10km, em 2011, e acabou fora dos Jogos de Londres no ano seguinte.
Veio então um novo momento da carreira, focado nos Jogos do Rio de Janeiro, mas as coisas novamente não correram muito bem. Ela chegou como favorita em 2016, tinha três títulos de Copa do Mundo no currículo, vários pódios de Campeonato Mundial, mas acabou tendo problemas na alimentação durante a prova e não conseguiu render como esperava. Terminou apenas no 10º lugar e saiu muito decepcionada da prova.
Os títulos ao redor do mundo continuaram. Em 2019, quando garantiu a vaga para Tóquio no Mundial da Coreia do Sul, ela foi quinta colocada nos 10km, mas venceu tanto os 5km quanto os 25km. Ali, ela se tornava a mulher com mais medalhas em águas abertas na história da competição, 11, com direito a ser a única campeã quatro vezes na mesma prova, no caso os ouros na maratona de 25km.
Acumulando recordes de vitórias e títulos nas águas, faltava a honra olímpica.
Fonte: CNN Brasil