A cena é comum nos finais de filmes de terror. O herói, após derrotar finalmente a ameaça, corre para dar o abraço redentor em sua amada, finalmente a salvo. A plateia, relaxada, aguarda o término da película, que parece ter chegado ao fim.
No entanto, surpreendendo a todos, o vilão reaparece para um último ataque em uma técnica de “jump scare”, dando um susto no expectador, antes de levar o golpe de misericórdia e desfalecer definitivamente. O “último susto” é uma técnica exaustivamente repetida porque funciona. A falsa sensação de vitória ludibria a plateia, que é pega de surpresa pelo diretor.
No terror particular que são os bastidores do poder, há que se saber que o golpe dará uma última investida contra possíveis ameaças, pretendendo dar bem mais que um susto naqueles que ousam sonhar, se destacar, confrontar, ou opinar.
A narrativa típica da sétima arte pode ser observada na Câmara de São Luís, onde o líder do governo, vereador Pavão Filho (PDT), estaria tentando transformar o plenário Simão Estácio da Silveira num cenário de filme, comentam vários vereadores já irritados com o “joguinho” do colega. Vale ressaltar que tal comportamento, segundo outros Edis, teria se acentuado desde o início da gestão do colega, o vereador Osmar Gomes Filho, o mais jovem presidente na história da Câmara Municipal, que completa 400 anos no final do ano, consequentemente, o menos experiente, e por isso estaria precisando das intervenções do “habilidoso” vereador Pavão Filho mais que os seus antecessores.
Para quem vive os bastidores do Parlamento Municipal, o comportamento do vereador/“irmão” [do cão] ficou claro em dois momentos distintos, envolvendo os vereadores Chico Carvalho( PSL) e Astro de Ogum(PR), além de Honorato Fernandes(PT) e Bárbara Soeiro (PSC). Contra os dois primeiros, a jogada ficou clara nas digitais. Vou explicar de forma objetiva. Há algumas semanas, Chico e Astro estavam numa espécie de fogo cruzado por conta de concessões de aposentadorias na Câmara que ainda estão sendo analisadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), e cuja legalidade estariam sendo questionada.
Visando desgastar mais ainda a imagem política dos colegas, Pavão teria articulado quase um “golpe de mestre”: para colocar o plano maligno em prática, Cézar Bombeiro (PSD) – vereador de primeiro mandato sem visão e experiência do jogo de poder – teria sido escalado para apresentar um requerimento solicitando da Mesa Diretora o encaminhamento de todos os beneficiários das tais aposentadorias.
A proposta foi debatida em plenário e na presença de Ogum, outro vereador de primeiro mandato – Genival Alves (PRTB) – ajudou no debate e, ainda, colocou mais gasolina no incêndio iniciado pelo pedetista. Alves, então, resolveu sugerir que além do encaminhamento dos nomes que fosse anexado, também, os salários e os documentos que embasaram os pedidos para concessões dos benefícios. A estratégia de Pavão – usando Cézar e Genival – teria um único objetivo: deixar acuados os vereadores Chico e Astro.
O líder do governo teria escalado os dois vereadores de primeiro mandato para atacar os demais colegas.
O golpe, quase perfeito, não deu certo. Dias depois, Pavão teria sido descoberto dando início ao zum zum zum entre os Edis. Na semana passada, durante votação de um projeto de resolução que modifica o Regimento Interno da Câmara, dois vereadores entraram na mira da artilharia suja do líder do governo: Bárbara Soeiro (PSC) e Honorato Fernandes (PT).
Os quatro vereadores foram os primeiros alvos no jogo sujo que teria sido tramado pelo líder pedetista.
Tudo começou quando Bárbara resolveu apresentar uma emenda que visa garantir a presença de mulheres na Mesa. A matéria começou a ser debatida e Honorato resolveu dar uma sugestão que contribuiu mais ainda com a proposta da colega. O petista começou a convencer os demais vereadores e Pavão, se sentindo ameaçado pela falta de habilidade e articulação, resolveu “melar” a ideia e tentou impedir a aprovação da emenda apresentada pela vereadora. No entanto, o pedetista foi vencido e a emenda acabou sendo aprovada.
Para dar o troco pela derrota, Pavão teria resolvido agir no “esgoto da articulação suja”: teve a brilhante ideia de desmoralizar Honorato, o que foi ouvido por alguns assessores que ficam dentro do plenário acompanhando a sessão. Para isso, teria escalado mais uma vez o vereador Genival Alves que aceitaria fazer todo tipo de negócio, independente de ser ridículo ou não.
A ideia de Pavão, segundo comenta-se nos bastidores, seria usar Genival para ficar confrontando Honorato na tribuna e nos pronunciamentos de à partes. O problema, entretanto, é que a estratégia mais uma vez veio à tona, antes mesmo de ser colocada em prática. Agora, por conta dessa situação, vários vereadores já estão agindo nos bastidores para pedir a cabeça do pedetista da liderança do governo.
“É uma maldade usar colegas menos experientes para fazer um jogo sujo como esse. Não é esse o papel de um líder. O líder é um conciliador e mediador. Acho que a situação do Pavão ficou ruim por conta desse jogo sujo que costuma fazer nos bastidores do Palácio Pedro Neiva de Santana”, revelou uma fonte com trânsito na Câmara.
Cézar e Genival, não sabem do perigo que correm ao aceitar fazer parte de uma estratégia suja e desgastante, politicamente, falando. No passado, vereadores que aceitaram fazer tudo que o Governo queria, acabaram pagando com o mandato. É por isso, por exemplo, que esse jogo não é topado por nenhum vereador mais experiente porque já sabem como funciona nos bastidores. No caso de Cézar, a situação é pior ainda. Sem perceber, o líder do PSD na Câmara aceita fazer o jogo de um dos cabeças do partido do maior adversário político dele na Liberdade.