Por Steffano Silva Nunes
O meu amigo jornalista e ex-deputado estadual Luiz Pedro, nos deixou no último dia 02 de junho. Driblou de todas as formas a Covid-19, mas eis que um infarto surpreendente o vitimou de forma fatal. Não tivemos tempo de nos despedir. O mundo pandêmico já havia nos afastado pessoalmente, nos deixando apenas o convívio virtual. Soube, por outros amigos, que havia colocado dois stents em decorrência deste infarto, o que nos deixou mais aliviados, pois tínhamos como certo que em breve estaria novamente nos brindando com o seu convívio. Mas a vida tem dessas coisas de nos aprontar surpresas desagraveis e assim o perdemos.
Por intermédio do nosso amigo em comum, Júlio Guterres, nos aproximamos e alimentamos uma sólida amizade, dessas que não nasceu em mesa de bar, mas que foi muito bem regada e nutrida por várias rodadas no Bar do Léo. O roteiro era quase sempre o mesmo: o telefone tocava e ele de pronto do outro lado já iniciava a convocação: meuuu camaradaaaaa, por onde você anda?
Luiz Pedro era um “gentleman”. Um homem culto, educado e sábio. Chegou ao Maranhão fugindo da perseguição do regime militar em uma fase muito hostil no seu estado natal: o Ceará. Na mesma trupe vieram os amigos de militância estudantil: Washington Luis e Alzira Lima, em seguida Bartolomeu Cavalcante. Logo se destacou como jornalista, sendo o corresponde local de vários veículos de circulação nacional. A sua voz foi a voz de muitos que não tinham voz. Defendendo o direito à terra e a vida no campo, assumiu com coragem uma importante liderança social e foi o primeiro deputado estadual do PCdoB no Maranhão, ainda na clandestinidade, concorrendo pelo antigo MDB.
Foi um vigoroso “soldado” ao lado do governador Jackson Lago e um dedicado conhecedor da nossa cultura. Um tarimbado observador e tradutor da seara política local, nacional e do mundo. Eu só tinha certeza de que havia produzido um bom texto, quando recebia o seu retorno entusiasmado: “Camarada, ficou perfeito”
Os seus fortes atributos não o deixaram imune aos que fazem política com ódio e mediocridade. Exatamente dentro do seu partido do coração, o qual ajudou a estruturar no Maranhão, o PCdoB, lhe negaram espaço para ser candidato a deputado federal. Isso provocou a sua saída do partido. Mas o grupo do governador Flávio Dino queria mais. A perseguição foi exemplar, cabendo ao atual presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto, o papel de carrasco, consumando sua demissão do quadro da TV Assembleia, função que ele havia assumido a convite do ex-presidente Humberto Coutinho, do PDT. A intenção era deixá-lo sem partido, sem trabalho e como dizemos por aqui: sem eira nem beira. Mas Luiz Pedro era maior que isso.
Com grande estatura física, intelectual e moral, se reorganizou, conquistando novos espaços. Junto com outros dois colegas seus, comandava a bancada de um importante programa de entrevistas na TV Guará: Os Analistas. Na política, acrescentou ao seu brilho o de uma outra estrela, se filiando ao Partido dos Trabalhadores. Um encontro importante e necessário na sua trajetória. Lá estava até os dias atuais como Secretário Estadual de Comunicação, tendo o merecido reconhecimento em vida.
Combateu todos os combates do lado certo, o lado do povo, até os seus últimos dias. A vida o deixou para que a história lhe abrisse as portas da eternidade lhe conferindo um espaço importante e registrando o seu exemplo, seu respeito e sua admiração, que ficam como inspiração para todos nós que tivemos a honra de ombrear uma parte importante do seu caminho.
Descanse em paz meuuu camaradaaaa!
Um grande e forte abraço!
Viva Luiz Pedro!