A medicina nuclear, ainda não amplamente reconhecida pela população brasileira, surge como uma forte aliada na batalha contra o câncer de próstata, com exames e terapias que prometem mais eficácia e qualidade de vida aos pacientes.
O Dr. Dalton Anjos, diretor de ética e defesa profissional da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), descreve o processo inovador de diagnóstico da doença. Utilizando um PET scan e cintilografia óssea, injeta-se uma substância radioativa que percorre o corpo, marcando áreas afetadas pelo câncer. “Isso permite uma ‘varredura’ detalhada do organismo, identificando se o câncer se disseminou ou está localizado, facilitando uma intervenção mais precisa“, esclarece Anjos.
Este avanço representa um salto na qualidade do tratamento do câncer de próstata, que quando diagnosticado em estágio metastático é difícil de curar, mas pode ser controlado ou significativamente reduzido com o auxílio dessa tecnologia. O especialista destaca ainda que, em casos onde tratamentos convencionais falham, a medicina nuclear tem se mostrado eficaz em alcançar resultados onde os marcadores bioquímicos e exames de imagem voltam a apresentar normalidade.
A Dra. Mariane Sousa Fontes Dias, oncologista clínica e membro do Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), ressalta a importância do rastreamento, principalmente em estágios assintomáticos, utilizando métodos como dosagem de PSA e toque retal. Ela enfatiza a relevância da ressonância magnética da próstata na detecção de nódulos suspeitos.
O urologista Dr. Antônio Brunetto Neto corrobora a visão de que o diagnóstico precoce segue sendo essencial para o sucesso do tratamento, enfatizando que uma detecção antecipada aumenta a probabilidade de cura e pode reduzir a necessidade de múltiplas terapias.
Na frente de acessibilidade, o Dr. Anjos aponta que a cintilografia óssea é um exame amplamente disponível no Brasil, inclusive pelo SUS. No entanto, o PET/CT com PSMA, mais sensível e específico para câncer de próstata, ainda não é coberto pelo SUS nem pelos planos de saúde, sendo restrito a atendimentos particulares devido ao seu alto custo.
Com a chegada do Novembro Azul, a atenção se volta para a conscientização sobre a saúde masculina e a prevenção do câncer de próstata. Dalton Anjos vê esse período como uma janela crítica para promover a realização dos exames preventivos anuais, aumentando assim as chances de diagnóstico precoce e cura.
O engajamento do público é exemplificado pela atitude de Carmelo Souto Tormim, de 64 anos, que enfatiza a importância do acompanhamento anual com urologistas. O cenário é urgente, considerando que, segundo o INCA, o Brasil deve registrar cerca de 71.730 novos casos de câncer de próstata anualmente até 2025, sendo o segundo tipo de câncer mais letal entre os homens no país.
O Ministério da Saúde reforça que o SUS oferece uma gama completa de serviços para diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, mostrando um esforço conjunto entre entidades médicas e governamentais na luta contra esta doença.
Por Marcony Edson