O Brasil se despede de um de seus maiores expoentes do espiritismo. Divaldo Pereira Franco, médium e educador reconhecido internacionalmente, faleceu na noite desta terça-feira (13), aos 98 anos, em Salvador. O líder espírita estava em tratamento contra um câncer na bexiga desde novembro de 2024 e morreu em casa, na sede da Mansão do Caminho, por falência múltipla dos órgãos.
Figura central no movimento espírita nacional e internacional, Divaldo dedicou mais de sete décadas à doutrina codificada por Allan Kardec. Natural de Feira de Santana (BA), ele construiu uma trajetória marcada por caridade, espiritualidade e educação, tornando-se referência para milhões de seguidores e simpatizantes do espiritismo.
O velório será realizado nesta quarta-feira (14), das 9h às 20h, no ginásio de esportes da Mansão do Caminho, com acesso livre ao público. Conforme desejo do médium, o caixão permanecerá fechado e não haverá cortejo. O sepultamento ocorrerá na manhã de quinta-feira (15), no Cemitério Bosque da Paz, também em Salvador.
Legado de amor e acolhimento
Fundada em 1952 por Divaldo e Nilson de Souza Pereira, a Mansão do Caminho foi uma das maiores expressões de sua missão espiritual e social. Com sede no bairro de Pau da Lima, em Salvador, a instituição começou como um abrigo para crianças em situação de extrema vulnerabilidade e evoluiu para um complexo educacional e assistencial que atende milhares de famílias.
Graças ao trabalho incansável de Divaldo, o centro oferece desde educação básica e cursos profissionalizantes até atendimento médico e psicológico, tudo sustentado pela venda de livros psicografados e material audiovisual com palestras e mensagens espirituais.
Divaldo Franco escreveu mais de 250 livros, muitos atribuídos a espíritos como Joanna de Ângelis, que inspirou sua linha de atuação voltada à psicologia espiritual. Sua obra foi traduzida para mais de 20 idiomas, e ele palestrou em mais de 70 países, divulgando os princípios espíritas com simplicidade, emoção e erudição.
Infância difícil e descoberta da mediunidade
Nascido em 5 de maio de 1927, Divaldo enfrentou incompreensão na infância ao manifestar dons mediúnicos. Criado em uma família tradicional, sofreu rejeição e punições por parte dos pais, que temiam suas visões espirituais. Apenas após uma crise de saúde, foi compreendido por uma médium que o ajudou a entender sua mediunidade e a canalizá-la para o bem.
Sem filhos biológicos, Divaldo foi considerado pai por centenas de crianças e jovens criados sob sua orientação e afeto na Mansão do Caminho. Em vida, chegou a dizer que sua maior missão era “amar e servir”, lema que guiou toda sua existência.
Últimos meses de vida
Em novembro de 2024, Divaldo foi internado para tratar uma infecção urinária, quando descobriu o câncer de bexiga. O tratamento foi realizado com sessões de radioterapia e pequenas doses de quimioterapia. Nos últimos meses, permaneceu em home care, cercado por sua equipe médica e colaboradores mais próximos.
Mesmo debilitado, Divaldo se manteve lúcido, sereno e espiritualmente ativo. Em fevereiro de 2025, chegou a ser hospitalizado novamente por conta de uma infecção, mas se recuperou e retornou à Mansão do Caminho.
O médium encerra sua jornada deixando um legado inestimável para o espiritismo e para as causas sociais no Brasil. Sua história de amor, superação e fé permanecerá viva na memória de milhões de admiradores e na obra que construiu com dedicação e espiritualidade.
“Enquanto houver dor, haverá trabalho para os que amam.”
— Divaldo Franco