O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ordenou hoje à noite que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e polícias militares dos estados desobstruam todas as rodovias bloqueadas desde ontem por caminhoneiros bolsonaristas, movimento que atinge 25 estados e o Distrito Federal no momento. Moraes apontou que os registros dos atos tornam “inegável” que “a PRF não vem realizando sua tarefa constitucional e legal”.
Moraes ressaltou que a decisão é de caráter imediato e, se não for cumprida, resultará em multa de R$ 100 mil para o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, a partir da meia-noite do dia 1º de novembro. Além da penalidade, o ministro determina que, em caso de descumprimento, aconteça o “afastamento do Diretor-Geral das funções e a prisão em flagrante de crime” e fala em “omissão e inércia da PRF” para resolver a situação.
Desde ontem à noite, caminhoneiros bolsonaristas fecharam trechos de rodovias para contestar o resultado das eleições, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pedidos por um golpe de Estado do Exército para deixar Bolsonaro no poder fazem parte do movimento e causaram o isolamento da Esplanada dos Ministérios para evitar a escalada da situação.
À noite, decisões da Justiça Federal determinaram a liberação de rodovias bloqueadas por caminhoneiros em quatros estados: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. De manhã, a PRF disse que acionou a AGU (Advocacia-Geral da União) para conseguir liberar estradas bloqueadas.
Ontem de tarde Vasques foi intimado por Moraes a dar explicações sobre abordagens a veículos ocorridas durante o segundo turno das eleições. A maior parte das operações da PRF, que haviam sido proibidas de serem feitas no dia do segundo turno pelo próprio Moraes, ocorreu em estados do Nordeste.
A preferência nordestina por Lula em vez de Bolsonaro e a quantidade de operações na região fez com que políticos falassem em tentativa de golpe de Estado, já que pouco antes do segundo turno, o diretor-geral da PRF publicou no Instagram uma foto da bandeira do Brasil com os dizeres “Vote 22 – Bolsonaro Presidente”.
A presidente do PT Gleisi Hoffmann disse hoje que a responsabilidade da solução dos atos dos caminhoneiros é do atual presidente, mas até agora Bolsonaro não se manifestou sobre a derrota nas urnas e não reconheceu a vitória de Lula.
Fonte: UOL Notícias