O Maranhão é um dos nove estados que integram a Amazônia Legal e tem passado por um longo período de desmatamento, que chegou a 76% de perda da floresta amazônica segundo pesquisas, portanto, não basta parar o desmatamento ilegal, mas sim uma reversão urgente, para garantir que áreas devastadas possam ser recuperadas.
Pouco mais de um terço do Maranhão onde estão 181 municípios, faz parte do bioma amazônico. A pequena parcela de floresta que restou está próxima a áreas de conservação ambiental e terras indígenas, que vivem sob pressão de madeireiros ilegais, grileiros e agropecuaristas interessados na área ou em seus recursos naturais.
Na região mais devastada da floresta brasileira, há mais de 50 espécies ameaçadas de extinção. Junto com a destruição ambiental, o Maranhão enfrenta históricos e violentos conflitos pela terra.
Ano passado, foi o segundo estado brasileiro com mais assassinatos no campo, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra. Em 2021, 9 dos 35 assassinatos do tipo no Brasil, ocorreram em solo maranhense. Comunidades quilombolas e indígenas, que têm papel importante na proteção ambiental, costumam ser os principais alvos.
“Os conflitos fundiários estão diretamente relacionados com ações de destruição dos biomas. Isso tem um custo social e ambiental muito caro ao Maranhão”, afirma Diogo Cabral, advogado e pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão UEMA.
O estado está entre os quatro do Brasil que mais desmataram entre 2019 e 2021, segundo o Relatório Anual de Desmatamento do Brasil, do Mapbiomas. O elevado grau de degradação é fruto de uma exploração que vem desde o período colonial e atravessa os três biomas maranhenses: a Amazônia, o Cerrado e a Zona Costeira.
A exploração de recursos e o desmatamento da região, uma das primeiras da Amazônia a ser ocupada, deixaram consequências sociais graves, que hoje se refletem em um dos piores índices de desenvolvimento humano (IDHs) do país, na escassez de água e no cenário de violência no campo.
Segundo ativistas de comunidades tradicionais, o avanço do agronegócio nos últimos anos tem escalonado esses problemas.
“Essas atividades impõem novas formas de ocupação territorial, expulsando comunidades tradicionais. A crise tem se agravado nos últimos anos. Percebemos um avanço significativo de situações conflituosas, resultando em assassinatos no campo, uma série de pessoas ameaçadas e na destruição do meio ambiente”, diz Cabral.