É inimaginável que qualquer um possa pretender que a luz do dia não o cumprimente alegremente toda manhã, bem como dele não se despeça tangida pela noite.
É inconcebível, com os conhecimentos de astrologia de que se dispõe, pelo menos supor que a terra é o centro do universo.
É inaceitável, pelo menos nos tempos atuais, admitir que alguém sobreviva sem uma ração considerável de água e alimento.
Da mesma forma, e nesse sentido, é uma impossibilidade considerar ser possível o impedimento que a verdade, qualquer que seja ela, venha à lume serelepe e fagueira, independente do tempo e da vontade.
Falo de impossibilidade para alertar o Governador Flávio Dino para o canto da mesa de bilhar a que está conduzindo sua liderança e seu futuro político, neste momento de alternância no Governo do Maranhão.
Conforme amplamente divulgado, o atual ocupante do Palácio dos Leões e/ou Henrique de La Roque autorizou os postulantes do grupo dele ao cargo de Governador que buscassem a viabilidade eleitoral como condição para receber o seu apoio político.
Com base nessa condição, os integrantes do grupo do Governador caíram em campo. Cada um com sua visão de mundo e sua tática eleitoral. As pesquisas de opinião e o envolvimento da classe política apontam quem teve maior êxito no cumprimento da tarefa atribuída a eles por Flávio Dino.
Para mais, o Governador atribuiu aos candidatos que integram o grupo dele tarefas, como maior articulação institucional com todos os poderes da República; união, em torno deles, do maior número de partidos legalmente constituídos, com atuação estadual e federal; amizade e respeito com/do maior número de prefeitos, ex-prefeitos e vereadores, além de destacadas lideranças populares; e, por fim, obtenção dos mais expressivos números nas pesquisas de opinião feitas no Estado.
Dentre os postulantes a candidato do “grupo de Flávio”, destacaram-se o Senador Weverton Rocha, o Deputado Josemar do Maranhãozinho e o vice-Governador Carlos Brandão, com nítida vantagem para o Senador, o que decorre do fato de ele ter sob sua liderança o PDT, partido mais bem organizado no Estado, tendo o maior número de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, eleitos no último pleito. Para além, o PDT, como organização partidária, possui uma forte militância, herdada de Jackson Lago, forjada na luta política e conhecedora de cada palmo do território maranhense.
Depois da hercúlea tarefa de provar aos líderes nacionais, de vários partidos, a viabilidade desse projeto; depois de quatro grandes encontros regionais; depois da exposição de quase uma centena de prefeitos que declararam apoio ao projeto Weverton Rocha; depois de envolver tantos e tão valorosos aliados e colaboradores, em peregrinação por todos os cantos do Estado, pergunta-se: é possível ao jovem e arrojado Senador dizer aos seus apoiadores que estava brincando? Que não era para valer seus discursos e projetos? Decisivamente não!
Essa é uma impossibilidade. E esse não fazer, a bem da verdade, em nome da coerência e do bom senso, não pode ser creditado a Weverton Rocha. Ele foi forçado a construir essa impossibilidade.
O fato lembra o que registra a História Romana: o ano 49 a. C., quando do primeiro triunvirato formado por Crasso, Pompeu e César.
Com a morte de Crasso, estando Júlio César retornando da Gália Cisalpina, ao norte da Península Itálica, aonde fora, em acordo, mandado para sufocar uma rebelião, ele toma conhecimento das tentativas de golpes lideradas por Pompeu.
Contrariando a orientação do Senado Romano, que exigia que ele desmobilizasse seu exército e retornasse a Roma, César recusa-se a obedecer e às margens rio Rubicão cunhou a frase que marcaria sua vida: “Alea Jacta est” (grafia medieval) / “alea iacta est” (grafia clássica) – A SORTE ESTÁ LANÇADA. Em seguida, marcha sobre Roma, derrota Pompeu e funda o Império Romano.
Pouco tempo depois, em levante do próprio Senado e instigado por Brutos, seu filho adotivo, César é assassinado. Sem pretender uma repetição ou farsa histórica, neste episódio da política maranhense, a ninguém será dado o direito de proferir o “Até tu Brutus”. Não existe traidor neste relato. Assim, não será possível a criação de mitos para justificar fatos e narrativas.
Historiador, Poeta e Produtor Cultural.