O ilustrador brasileiro Gustavo Almeida viralizou no Twitter com uma ideia bem curiosa. Dentro do projeto “Ordem e Porrada”, o artista carioca está desenhando personagens de jogos de luta, os chamados fighting games, inspirados nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.
Gustavo se inspira nas cores das bandeiras de cada estado e tenta inserir traços culturais em cada um deles. Além disso, o artista, que ainda está com o projeto em andamento, coleta sugestões de seguidores na rede social sobre especificidades de diversos estados para finalizar as artes. A publicação dele viralizou no Twitter e conta com milhares de interações.
Os personagens são estruturados com base nos traços mais conhecidos e marcantes de cada estado, além de carregarem as cores respectivas de cada bandeira que representam.
E se os estados do Brasil fossem personagens de videogame? Este é o tema da série de ilustrações criada por Gustavo Almeida, de 19 anos. Morador de Magé, no Rio de Janeiro, o ilustrador criou o “Ordem e Porrada”, projeto onde desenha os estados como se fossem personagens de jogos de luta.
Confira as ilustrações de alguns dos outros estados:
E o Maranhão não ficou de fora dessa lista, pois Gustavo conseguiu retratar bem as influencias culturais do nosso estado. A personagem carrega uma ombreira do Bumba Meu Boi, uma das danças folclóricas que narra a história de amor, morte, ressurreição e perdão vivida por personagens humanos e animais fantásticos.
Suas roupas são inspiradas no Tambor de Crioula, dança de origem africana praticada por descendentes de escravos africanos no Maranhão, em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração.
E a personagem traz em toda a sua essência, a ancestralidade de sua afrodescendência, um povo que constituiu nosso estado, mas, sobretudo, resistiu ao período da escravidão de forma aguerrida e que é perpetuada por seus descendentes que guardam toda a sua cultura.
O Maranhão tem uma cultura muito própria, muita personalidade, toda essa mistura resulta em um caldo cultural muito rico, que se expressa através do folclore, da arte, da música e da dança.
Gustavo compartilhou que a ideia de criar as ilustrações surgiu do trabalho de outro ilustrador, chamado Marquinhos. “Ele fez uma arte imaginando a bandeira do estado dele, Pernambuco, como um personagem do Genshin Impact”, explicou, se referindo ao game com estética anime “fofinha”.
Então, Gustavo trouxe sua própria estética para o projeto. Ele conta que o processo criativo tem diversas etapas: primeiro, ele lê feedbacks, descarta opções e tenta acertar a anatomia do desenho. Depois é que vem a produção de fato. “A criatividade vem quando eu estou há horas tentando resolver problemas na arte”, contou.
O jovem destaca que, antes de começar a desenhar os personagens, realiza uma pesquisa profunda na internet sobre aspectos culturais dos Estados e as características físicas mais comuns dos habitantes. Com relação às vestimentas, Gustavo mescla aspectos típicos do local com referências de games.
Tenho que estudar bastante antes de fazer a arte, pois não quero ofender ninguém com referências erradas. As roupas são sempre um meio-termo, não posso fugir do tema que é inspirado em videogames. Levo, normalmente, de três a quatro horas para a pesquisa — relata.
Depois de coletar as informações e referências, Gustavo começa a desenhar. Essa etapa leva em média de 12 a 18 horas.
Na criação, os seguidores têm um papel fundamental. “As pessoas sabem muito do lugar onde elas vivem, sempre puxando coisas do fundo do baú, termos e palavras locais. É muito legal ler as ideias e detalhes que eu não posso deixar de colocar”, afirmou.
Gustavo começou a carreira como ilustrador há quatro anos, quando ainda cursava o primeiro ano do Ensino Médio. Para ele, as artes eram uma forma de ganhar dinheiro. Mas o que era para descolar uns trocados virou uma paixão. E é claro que o projeto ‘Ordem e porrada’ gerou algumas oportunidades. “Consegui algumas encomendas, isso me ajuda a segurar as coisas por aqui, mas não quero continuar como freelancer! Quero entrar para um estúdio”, confessa. O grande sonho de Gustavo é fazer parte de grandes estúdios de games, como Aquiris, Wild Life, Kokku ou Puga.