Orientação do ex-presidente é a de que o partido tenha candidatos próprios em todas as capitais do NE
A escolha do candidato para disputa pela Prefeitura de São Luís conta com três pré-candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT). O vereador Honorato Fernandes, presidente do Diretório Municipal, é um dos nomes que disputa o direito de representar a legenda no pleito deste ano.
Com uma forte capacidade de articulação junto aos correligionários e, ainda, dentro do Plenário Simão Estácio da Silveira, da Câmara Municipal de São Luis, o parlamentar tem apresentado um bom desempenho político.
Analista de sistema, com especialidade em gerenciamento de projeto pela FGV, Honorato Leite Fernandes Filho, de 46 anos, é o único representante no Legislativo Municipal do PT, o maior partido do Maranhão com mais de 50 mil filiados. O edil está no seu segundo mandato, e poderá ser a aposta para representar a sigla rumo à sucessão municipal, no pleito marcado, a priori, para outubro do ano em curso.
O parlamentar é filho do agrônomo e professor da Universidade Estadual do Maranhão – Honorato Leite Fernandes e de Ieda Cutrim Batista, docente da Universidade Federal do Maranhão – uma das fundadoras do PT no Estado e do grupo de Mulheres da Ilha. A professora, mestra em Serviço Social, militante dos movimentos sociais, faleceu em 2008 e, além de grandes feitos na luta em defesa dos direitos das mulheres, deixou ao filho um grande legado, o qual inclui valores sólidos de caráter e, ainda, de como a política pode ser um instrumento para o bem-estar da coletividade.
O exercício diário das lições deixadas pela mãe tem rendido ao vereador voos altos dentro e fora do partido. Muito embora tenha uma forte ligação com as fileiras petistas, possuindo bom trânsito junto à presidenta Gleice Hoffman e grandes caciques do partido, ele só se filiou oficialmente em 2011.
Em 2012, encarou o primeiro vestibular das urnas, conquistando uma das cadeiras no Legislativo Municipal, obtendo 3.664 votos. Em 2016, experimentou um crescimento de quase 30% no eleitorado, e foi reeleito com 4.609 votos.
DESEMPENHO NO LEGISLATIVO
Com um discurso de fácil penetração, direto, claro, além de uma exímia habilidade de convencimento dos seus pares, de forma gradativa, Fernandes tem se destacado de maneira considerável. Durante os oitos anos exercendo cargo eletivo, semelhante sua saudosa mãe, o parlamentar tem priorizado seu trabalho voltado para os segmentos sociais e classes minoritárias.
Entre as dezenas de PL apresentados, aprovados pelos edis e sancionados pelo chefe do Executivo, destacam-se o Praia Acessível para Todos, Ciclovia Já, a criação do Programa Censo de Pessoas com Transtorno do Espectro Autista – TEA, IPTU Justo, além de propostas que deliberam sobre a prioridade de embarque e desembarque de pessoas com autismo no transporte aquaviário; e a renda mínima emergencial aos comerciantes ambulantes e trabalhadores informais em casos de emergência ou calamidade, entre outros.
Honorato Fernandes é considerado por seus pares uma pessoa educada e de convívio agradável. Tais características, somadas ao espírito de atuação coletiva, foram fatores preponderantes para que o vereador assumisse o cargo de primeiro secretário da Mesa Diretora da Câmara da capital.
ARTICULAÇÕES INTERNAS
Em 2016, chegou à presidência do PT municipal depois de vencer o Processo de Eleições Diretas (PED) com 52% do eleitorado. Em 2019, em um conturbado processo de eleição interna, foi reeleito ao cargo com 55%, e ficará à frente do DM até 2023.
O rumo que seguirá a sigla petista deverá começar a ser definido no próximo dia 20, quando acontecerá o encontro de tática eleitoral, mas, com base na resolução nacional datada de março de 2020, na qual a Executiva Nacional evidencia a importância do pleito para o projeto partidário nacional e orienta que em todas as capitais do Nordeste a sigla lance prioritariamente candidatura própria, dois caminhos poderão ser trilhados: candidatura própria ou aliança.
No primeiro cenário, ou seja, candidato próprio, além do vereador, aparecem os nomes do deputado Zé Inácio e da coordenadora do projeto Travessia e membro da Executiva Nacional, Cricielle Muniz.
VANTAGEM SOBRE CORRELIGIONÁRIOS
O nome de Honorato Fernandes é o que tem mais força internamente, por conta da sua densidade eleitoral na capital. Em 2018, mesmo não sendo eleito para Assembleia Legislativa, na sua primeira experiência eleitoral a nível de estado, Honorato foi o candidato mais bem votado na capital, com mais de cinco mil votos, tendo ficado na suplência de deputado estadual.
Além da densidade eleitoral, Fernandes possui o apoio da maioria dos membros da Executiva e do Diretório Municipal, órgãos que, com base em deliberação da Direção Nacional, por meio de procedimento extraordinário de abril de 2020, decidirá o rumo que deverá ser seguido pelo partido e, posteriormente, referendado pela Nacional.
A FORÇA DA ARTICULAÇÃO
Muito embora várias informações tenham sido divulgadas nos últimos dias quantos aos possíveis candidatos que poderão representar a legenda na atual conjuntura, o grupo Articulação goza de uma posição confortável e privilegiada. Representado na esfera estadual por Francimar Melo e Cricielle Muniz, com o apoio da força Resistência Petista – grupo liderado pelo deputado federal Zé Carlos e, no campo municipal, coordenado pelo vereador e presidente Honorato Fernandes – a Articulação possui a maioria tanto na Executiva quanto no Diretório Municipal, a quem caberá decidir se os petistas apresentarão candidato próprio ou se farão alianças.
Dos 15 membros da Executiva, o presidente conta com o apoio da maioria, no caso, oito. Esse número eleva para nove contando com o voto da corrente liderada por Ronaldo Pereira Silva, perfazendo, assim, um total de 60%.
O restante dos votos, no caso seis, está representado por outros grupos. O deputado Zé Inácio detém apenas três votos e os demais pertencem aos segmentos da Articulação de Esquerda, DS e Movimento PT. No Diretório Municipal, composto por 45 membros, incluindo o presidente, a situação não é muito diferente.
Fernandes possui apoio de 23 membros, ou seja, 50% mais um. Esse percentual eleva para 55,55% (25 votos) quando somado aos dois de aliados de demais forças internas.
Os outros 19 membros são dirigentes que apoiaram a eleição do candidato derrotado Kleber Gomes, porém, o grande problema é a falta de uma posição uníssona em torno do rumo que será seguido pelo partido. Os seguidores do deputado, que defendem o nome do parlamentar como candidato, só dispõem de dez votos.
Já os representantes das outras forças, num total de nove, defendem aliança com outros partidos. Por todas as razões acima apresentadas, não é muito difícil concluir que deverá ser Fernandes a aposta para representar a sigla, com o apoio da grande estrela e ícone do partido, o ex presidente Lula.