As chuvas torrenciais e inundações repentinas que atingiram a cidade de Nova York e sua região na noite de quarta-feira (1) mataram pelo menos 14 pessoas, segundo novo balanço das autoridades. O número de vítimas tende a crescer, segundo reportagens da mídia americana que evocam 22 mortos.
O prefeito da megalópole americana, Bill de Blasio, anunciou durante uma coletiva de imprensa que “nove nova-iorquinos” perderam a vida durante a noite, enquanto a prefeitura da cidade de Elizabeth, na vizinha Nova Jersey, registrou quatro vítimas fatais na enchente histórica causada pelos resquícios do furacão Ida. Todos estavam no mesmo prédio: um casal de 70 anos, seu filho e um vizinho. Em Passaic, também em Nova Jersey, o prefeito Hector Lora anunciou ao vivo em sua página do Facebook que um dos residentes havia perdido a vida. A rede de TV NBC relata, no entanto, um total de 22 mortes, incluindo 14 em Nova Jersey.
As estações de metrô ficaram inundadas e o serviço foi interrompido, segundo a Autoridade Metropolitana de Transporte, que administra o sistema de transporte público de Nova York.
O presidente Joe Biden viajará na sexta-feira (3) para o estado da Louisiana, onde Ida provocou graves enchentes e tornados, destruindo muitos prédios e deixando mais de 1 milhão de casas sem energia elétrica.
Chuva recorde
O Serviço Meteorológico dos Estados Unidos (NWS) registrou um recorde histórico de 80 mm de chuva em uma hora no Central Park. As inundações bloquearam as principais ruas em vários distritos, incluindo Manhattan, Bronx e Queens. A chuva começou a cair às 21h30 (22h30 no Brasil) e diferentes vídeos publicados no Twitter pelo NWS mostravam as ruas alagadas, o que impossibilitava a circulação de veículos.
“Não dirija pelas ruas alagadas. Não sabemos qual a profundidade (da água) e é muito perigoso. Dê meia volta”, pediu o NWS.
Durante a noite, a nova governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, declarou estado de emergência após as importantes inundações em todos os condados limítrofes com a capital cultural e comercial dos EUA, que poderiam afetar quase 20 milhões de pessoas. O prefeito Bill de Blasio evocou um “acontecimento meteorológico histórico” e também declarou estado de emergência.
Centenas de voos foram cancelados nos aeroporto da região de NY, Newark, LaGuardia e JFK. Um vídeo mostra um terminal de Newark inundado.
O NWS afirmou que este é o primeiro estado de emergência por inundações repentinas que se declara na história da cidade, afetada em outubro de 2012 pelo furacão Sandy.
“Tenho 50 anos e nunca vi tanta chuva”, declarou à AFP Metodija Mihajlov, que viu o porão de seu restaurante em Manhattan ser inundado com oito centímetros de água.
“Foi como viver na selva, como a chuva tropical. Tudo está tão estranho este ano”, disse o empresário.
As fortes chuvas e os ventos também afetaram o condado de Westchester, ao norte de Nova York, e muitos porões de casas foram inundados em questão de minutos.
O governador de Nova Jersey, Phil Murphy, também declarou estado de emergência devido às chuvas torrenciais que deixaram um morto no estado.
Além de Nova York e sua região, um alerta de tornado foi emitido para a Filadélfia.
“Procurem refúgio AGORA. Destroços que voam serão perigosos para aqueles surpreendidos sem abrigo. Procure um andar inferior e permaneçam longe das janelas”, escreveu no Twitter o comitê de informações sobre emergências da cidade de Nova York.
Cerca de 98.000 casas em Pensilvânia, 60.000 em Nova Jersey e 40.000 em Nova York ficaram sem energia elétrica, segundo o site especializado poweroutage.us.
Cena surreal
A tempestade provocou uma cena surreal em Flushing Meadows, onde a chuva atingiu uma quadra coberta e interrompeu uma partida da segunda rodada do Aberto de Tênis dos Estados Unidos entre o sul-africano Kevin Anderson e o argentino Diego Schwartzman.
A água entrou pelos quatro cantos do teto retrátil, instalado em 2018 especificamente para permitir que os jogos fossem disputados apesar da chuva.
Ida deve prosseguir o deslocamento nesta quinta-feira para o norte, na direção da Nova Inglaterra.
“O ciclone pós-tropical Ida provoca fortes chuvas e inundações repentinas potencialmente mortais ao longo e perto de sua trajetória”, afirmou o Centro Nacional de Furacões.
Os furacões são um fenômeno recorrente no sul dos Estados Unidos, mas o aquecimento da superfície do oceano está deixando as tempestades mais potentes, alertam os cientistas.
Com informações da AFP