Um estudo inédito conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), identificou diferenças genéticas significativas em médiuns, em comparação a seus parentes sem a mesma habilidade. Os resultados sugerem que a mediunidade pode ter uma base biológica associada ao sistema imunológico e ao processamento de informações do ambiente.
A pesquisa analisou o exoma – a parte do DNA que codifica proteínas – de 66 médiuns e 53 familiares que não apresentam essa característica. No total, foram encontradas 15.669 variantes genéticas únicas nos médiuns, com impacto em 7.269 genes.
Influência do sistema imunológico
Entre os achados, os cientistas observaram mutações em genes ligados à proteção de mucosas, resposta imune e percepção de estímulos externos. Uma das descobertas mais notáveis foi a presença de alterações na expressão do ZAP-70, uma proteína essencial para a ativação de linfócitos T – células responsáveis pela defesa do organismo contra agentes externos.
Essa peculiaridade genética sugere que os médiuns podem ter um sistema sensorial mais aguçado, capaz de captar estímulos ambientais de maneira diferenciada.
O que dizem os especialistas?
Os pesquisadores destacam que, embora o estudo sugira correlações genéticas, ainda não é possível afirmar que a mediunidade seja determinada pelo DNA. “Os dados apontam para diferenças biológicas interessantes, mas precisamos de mais pesquisas para entender o real impacto dessas variantes genéticas”, explica um dos autores do estudo.
Céticos e espiritualistas também têm debatido os resultados. Enquanto alguns veem a pesquisa como um avanço na compreensão da mediunidade, outros argumentam que a experiência mediúnica pode ter origem em fatores psicológicos e culturais, e não apenas biológicos.
A pesquisa representa um marco na interseção entre ciência e espiritualidade, abrindo caminho para novos estudos sobre a relação entre genética e fenômenos que ainda desafiam o entendimento científico.