De O Estado
O registro de aglomerações em convenções partidárias em várias cidades do Maranhão, especialmente em São Luís, provocou reação de candidatos a prefeito da capital cobrando ação mais dura da Vigilância Sanitária Estadual, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (SES), contra abusos.
Segundo a Portaria nº 55 da Casa Civil do Governo do Maranhão, editada no dia de 17 de agosto, estão permitidos desde o dia 28 de agosto apenas eventos públicos e privados com até 100 pessoas, e seguindo uma série de regras de distanciamento e higienização.
O ato governamental leva em consideração as medidas sanitárias destinadas à contenção do novo coronavírus, constantes do Decreto nº 35.831 , de 20 de maio de 2020 e Decreto nº 36.045 , de 13 de agosto de 2020, ambos do governador Flávio Dino (PCdoB).
Apesar disso, políticos de todas as regiões do estado reuniram milhares de apoiadores para confirmar suas candidaturas. Não houve registro de fiscalização ou punição por parte da Vigilância.
Nas redes sociais, o candidato do PSOL à Prefeitura de São Luís, Franklin Douglas, reagiu ao que considera falta de pulso da SES para punir candidatos que causaram essas aglomerações.
Segundo ele, a mesma pasta que se mostrou um “leão” para barrar a circulação de impressos durante a campanha eleitoral – referindo-se a minuta de portaria que previa tal proibição -, “é um gatinho” para punir os responsáveis por aglomerar eleitores.
“Ainda sobre as aglomerações nas convenções: para tirar o santinho e o papel jornal de campanha das candidaturas que não têm poder econômico, a Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde do Maranhão é um leão; para multar as convenções com aglomeração, é um gatinho…”, destacou Douglas, no Twitter.
Reflexão
Também nas redes, o candidato da Rede Sustentabilidade, Jeisael Marx, criticou a conduta dos próprios candidatos. Ele próprio realizou convenção em local aberto, com menos de 100 pessoas, e respeitando regras sanitária impostas pelo governo.
”Alguns candidatos fizeram megaeventos. Milhares de pessoas aglomeradas, alguns casos com total desrespeito às normas sanitárias, inclusive sem máscaras, contrariando completamente as orientações da OMS e desrespeitando legislações específicas determinadas pelo poder público. A pergunta que eu faço é: alguém que já desrespeita a lei durante o processo eleitoral, alguém que não se preocupa com a saúde das pessoas merece o seu voto?”, questionou.
Secretário de Saúde aglomerou em ato do PT
Responsável por coordenar as ações de combate ao novo coronavírus no Maranhão, o próprio secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, desrespeitou as regras sanitária impostas pelo governador Flávio Dino e pela Casa Civil, e participou de evento partidário na cidade de Coroatá.
Na ocasião, o titular da SES estava sem máscara, dançando num palco lotado, diante de uma plateia de milhares de pessoas. Ele diz que tirou a máscara apenas por alguns minutos. Mesmo assim, foi alvo de pesadas críticas.
Uma delas partiu do deputado estadual Adriano Sarney, candidato do PV à Prefeitura de São Luís. Para ele, Lula foi “cúmplice” de quem descumpriu um decreto do próprio governo do qual ele faz parte.
“Quando está ruim, ainda pode piorar. Se não bastasse a irresponsabilidade de alguns partidos e candidatos em empreender convenções milionárias lotadas durante a pandemia do COVID-19, ainda aparece o próprio secretário estadual de saúde dançando sem máscara em uma delas no interior do estado. Um membro do governo sendo cúmplice do descumprimento de um decreto do governo”, reclamou.
Adriano acrescentou que acionará o Ministério Público do Maranhão e o Ministério Público Eleitoral. “Estamos representando esses absurdos no MP estadual e eleitoral”, destacou.