Enquanto queimadas e desmatamento avançam por florestas tropicais, muitas comunidades ainda enfrentam dificuldades para acessar informações cruciais sobre a preservação ambiental. Neste cenário, o rádio se consolida como uma ferramenta fundamental no combate às mudanças climáticas, especialmente em regiões onde a internet e os sinais de telefonia são limitados. Neste 13 de fevereiro, Dia Mundial do Rádio, especialistas reforçam a importância deste veículo na difusão do conhecimento e na mobilização social para enfrentar os desafios ambientais.
Comunicação em territórios isolados
No Brasil, o rádio tem um papel estratégico, principalmente na Amazônia, onde a destruição ambiental caminha lado a lado com a dificuldade de comunicação. O professor Marcos Sorrentino, da Universidade de São Paulo (USP), destaca que a mudança de comportamento é essencial para conter a crise climática, e o rádio é um canal eficiente para promover essa transformação.
“Precisamos dialogar com as pessoas para que elas repensem o seu modo de produção e de consumo. O rádio tem uma longa história que possibilita estar mais próximo das comunidades, levando informação e conscientização a locais onde outros meios de comunicação não chegam”, explica Sorrentino.
Exemplos desse impacto podem ser observados na Rádio Nacional da Amazônia, que há décadas presta um serviço essencial à população local. “Lembro de um agricultor no Pará que acompanhava atentamente a programação, absorvendo informações sobre os desafios ambientais e possíveis soluções para a erosão do solo”, relata o professor.
Mudança de comportamento e conscientização
Com o avanço das tecnologias, o rádio também se reinventou. Hoje, programas jornalísticos, entrevistas e podcasts ampliam o alcance da conscientização ambiental, abordando temas como o desmatamento, a conservação da biodiversidade e os impactos das mudanças climáticas. Para Sorrentino, um dos desafios é combater a alienação e engajar a sociedade na busca por soluções.
Em cidades como Belterra (PA), professores e alunos já utilizam o rádio como ferramenta de educação ambiental, produzindo conteúdos que alertam sobre a degradação da floresta e suas consequências. Segundo o pesquisador, os jovens e os idosos são públicos estratégicos nesse processo: os primeiros porque enfrentarão os maiores impactos das mudanças climáticas, e os segundos por sua experiência e conhecimento tradicional, que podem enriquecer o debate.
Campanhas de prevenção e educação ambiental
O rádio também se destaca na mobilização para prevenir desastres ambientais. O ecólogo Paulo Moutinho, cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), lembra que o veículo tem sido essencial para a realização de campanhas de prevenção de incêndios florestais, evitando perdas econômicas para pequenos e grandes agricultores.
“O rádio sempre foi uma ferramenta indispensável para nossas pesquisas na Amazônia. Ele permitiu a disseminação de informações sobre a prevenção de queimadas e a educação ambiental, fundamentais para minimizar os impactos das mudanças climáticas”, afirma Moutinho.
O futuro do rádio na luta ambiental
Apesar do crescimento das mídias digitais, o rádio segue relevante e insubstituível em muitos territórios. Sua capilaridade, aliada à credibilidade conquistada ao longo das décadas, faz com que ele continue sendo um dos principais aliados na luta contra as mudanças climáticas. Especialistas defendem que ampliar o uso desse veículo para fins educativos e de mobilização social pode ser decisivo para um futuro mais sustentável.
No Dia Mundial do Rádio, a mensagem que fica é clara: em tempos de emergência climática, a comunicação eficaz pode ser a chave para transformar conhecimento em ação.