O deputado estadual do Maranhão, Edson Araújo (PSB), está no centro de uma nova frente da investigação da Polícia Federal (PF) sobre o esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo a PF, o parlamentar recebeu R$ 5,4 milhões de uma entidade envolvida na prática de descontos indevidos em aposentadorias.
Os repasses foram feitos pela Federação das Colônias de Pescadores do Estado do Maranhão entre maio de 2023 e maio de 2024. A entidade, que já era alvo de investigação, foi identificada como beneficiária de recursos vindos da Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA), que teria arrecadado R$ 99 milhões aplicando descontos não autorizados em benefícios previdenciários.
A CBPA, fundada em 2020, firmou um Acordo de Cooperação Técnica com o INSS em 2022, abrindo caminho para os repasses automáticos de mensalidades associativas. De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), o sistema foi manipulado com a inclusão massiva e irregular de beneficiários, transformando o INSS em uma “indústria de descontos indevidos”.
O relatório da PF destaca que os valores repassados a Araújo são incompatíveis com seu patrimônio declarado, o que levanta suspeitas de ocultação de bens e sonegação fiscal. À época dos depósitos, o parlamentar ocupava o cargo de secretário da Pesca do Maranhão e, atualmente, exerce mandato na Assembleia Legislativa após retornar à Casa no início de 2025.
Diante do foro privilegiado de Araújo, o juiz federal Frederico Botelho Viana decidiu remeter o caso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A defesa do deputado não se manifestou até a publicação desta matéria.
A investigação segue em curso, e a PF continua analisando a conexão entre lideranças políticas e entidades envolvidas na trama, que teria afetado milhares de aposentados em todo o país.