O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, entregou sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (2). A decisão, aguardada nos bastidores do governo, agrava a tensão entre o Palácio do Planalto e o PDT, partido de Lupi e uma das siglas que compõem a base aliada.
O pedido de exoneração ocorre após semanas de desgaste político e administrativo, marcado por críticas à condução do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à resposta do ministério diante de fraudes no sistema previdenciário. Investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal, o órgão se tornou um foco de crise para a gestão de Lupi.
Deputados do PDT vinham expressando insatisfação com o espaço ocupado pela legenda no governo e com a condução de políticas públicas. O líder do partido na Câmara, Mário Heringer, aliado próximo de Lupi, chegou a alertar publicamente que a saída do ministro poderia resultar em um rompimento do PDT com a base governista.
“A relação tem sido frustrante”, declarou um deputado pedetista sob anonimato, mencionando promessas não cumpridas e falta de diálogo com o Planalto.
A exoneração de Lupi e a nomeação do ex-deputado Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta, serão formalizadas ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da União. A troca busca conter a instabilidade, mas interlocutores do governo avaliam que a tensão política pode se intensificar nos próximos dias.
Apesar de alegar continuidade administrativa e evitar confrontos com setores internos, Lupi enfrentou críticas por não reagir com firmeza às denúncias envolvendo a Previdência. A CGU, inclusive, apontou que os problemas são antigos, mas esperava mais agilidade na implementação de medidas corretivas.
Com a saída do ministro, resta saber se o PDT manterá seu apoio ao governo Lula ou se, como sinalizado, romperá oficialmente com a base, abrindo um novo capítulo na já turbulenta relação entre Planalto e partidos do chamado “centrão ampliado”.
Em tempos: O PDT saiu enfraquecido em todo o Brasil, agravando ainda mais a crise de imagem enfrentada por Lula. O episódio atingiu diretamente um segmento fiel do eleitorado do ex-presidente. Para piorar, a oposição conseguiu protocolar, com número recorde de assinaturas, a CPI do INSS. Ou seja, uma crise se sobrepõe à outra — e, desta vez, a responsabilidade recai claramente sobre o PDT.
Em tempos 2: Na segunda fase da operação, a fraude no INSS se concentrou em alguns estados, sendo o Maranhão um dos mais afetados, com uma alta quantidade de descontos indevidos. Surpreendentemente, mesmo tendo dois senadores do PDT, nenhum deles se posicionou em defesa dos aposentados. Pelo contrário, o silêncio foi total. Por que será? As eleições estão chegando, e é importante lembrar quem realmente nos representa.