Com R$ 732 milhões disponíveis para o combate à Covid-19, repassados pelo Programa Federativo de Enfrentamento ao Novo Coronavírus, instituído pela União, o governo Flávio Dino (PCdoB) parece não estar aplicando adequadamente toda essa verba. Um forte indício de má gestão dos recursos são os pedidos feitos por hospitais da rede estadual para que as famílias de pacientes internados para tratar a infecção pelo novo coronavírus e suas complicações comprem remédios por conta própria para uso até mesmo nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Um dos hospitais do Estado que têm recorrido à ajuda de familiares dos doentes para adquirir remédios que o próprio governo deveria fornecer na pandemia é o Genésio Rego, situado na Avenida dos Franceses, no bairro Vila Palmeira. Detalhe: na unidade, são cada vez mais frequentes os casos de pacientes que contraem bactérias durante o período de internação, agravando o quadro clínico de quem já sofre com sintomas graves e, em determinados casos, extremamente letais.
Um dos episódios mais recentes foi de um homem de 59 anos internado e intubado na UTI para tratamento da Covid-19, cuja família foi contactada, no último fim de semana, para que providenciasse com meios próprios o remédio Prosso, usado para reposição de cálcio no organismo. A solicitação veio depois que a equipe médica constatou uma infecção por bactéria no paciente. De pronto, os parentes se mobilizaram e atenderam o pedido do hospital.
A medida do Genésio Rego soa estranha e ao mesmo tempo despropositada, uma vez que existem verbas oriundas de fontes federais, estaduais e até de doações para custear o enfrentamento à Covid-19, incluindo a cobertura dos gastos com a manutenção dos leitos, salários de profissionais de saúde, compra de medicamentos e outras despesas inerentes à pandemia.
Reforça a suspeita de má aplicação dos recursos destinados a prevenir e combater o novo coronavírus no Maranhão o fato de os servidores dos hospitais estaduais permanecerem calados ao serem questionados por familiares dos doentes sobre os pedidos de compra dos remédios. Sem conseguir explicar por que a própria unidade de saúde não fornece os medicamentos, recepcionistas, técnicos de enfermagem e até profissionais graduados, como médicos, enfermeiros e assistentes sociais, não conseguem esconder o constrangimento com a situação.
Drama
Em meio à medida polêmica do sistema estadual de saúde de transferir às famílias a obrigação de custear medicamentos aos pacientes internados para tratar a Covid-19, vale mencionar o drama das pessoas que não dispõem de meios para arcar com os gastos com os remédios solicitados pelos hospitais. Nesse caso, a dificuldade financeira pode representar a diferença entre a vida e a morte, se é que isso já não é fato.
Por uma triste ironia, em uma das paredes da recepção do Genésio Rego há uma placa onde se lê, em letras garrafais, a seguinte frase: “O Atendimento do SUS é Gratuito”, algo que no Maranhão comunista está longe de ser verdade, em plena crise da Covid-19.
Fonte: Daniel Matos.