A Coreia do Norte acusou os Estados Unidos, nesta sexta-feira (17), de “jogo duplo” e atribuiu a esta posição de Washington a responsabilidade pela paralisia nas negociações nucleares.
A crítica surge em meio a recentes lançamentos de mísseis tanto por parte de Pyongyang quanto de Seul.
Na quarta-feira (15), o disparo de dois projéteis norte-coreanos para o mar foi acompanhado de outro, horas depois, de um submarino da Coreia do Sul. Este último se tornou o sétimo país do mundo a ter esse tipo de tecnologia de ponta.
O míssil sul-coreano foi lançado do novo submarino “Ahn Chang-ho” e percorreu a distância esperada até atingir o alvo, informou o governo.
A nova arma “desempenhará um papel muito importante para a defesa nacional autossuficiente e o estabelecimento da paz na península coreana”, completou o Executivo de Seul.
Aliada de Seul, Washington condenou os lançamentos de Pyongyang, por “violar várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU” e por representar “uma ameaça aos vizinhos”.
Nesta sexta, a agência norte-coreana oficial de notícias, a KCNA, criticou estas declarações, afirmando que revelam “uma atitude de jogo duplo”, ao “manter silêncio sobre o ato da Coreia do Sul” – uma referência do disparo feito por Seul.
Este “ato de jogo duplo” por parte de Washington constitui “um obstáculo na resolução da questão da península coreana e um catalisador que aumenta a tensão”, continuou a KCNA, que atribui este comentário ao analista Kim Myong-chol, considerado porta-voz extraoficial de Pyongyang.
“Este é o motivo exato do estancamento nas negociações” entre a República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país ao norte da península, e os Estados Unidos”, disse o especialista.
A Coreia do Norte está sujeita a várias sanções internacionais por seus programas de armas nucleares e de mísseis balísticos.
As negociações com Washington se encontram em ponto morto desde o fracasso da cúpula de Hanoi, em fevereiro de 2019, entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un e o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O atual representante especial dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, Sung Kim, reiterou esta semana que os Estados Unidos fizeram várias ofertas para um “encontro sem condições prévias”.
Em 18 de junho, Kim Jong-un declarou que seu país deve estar preparado “tanto para o diálogo quanto para o confronto” com Washington.
Sob o mandato de Kim, o Norte acelerou a evolução armamentista. Desde 2017, porém, não executou um único teste nuclear, nem lançou míssil balístico intercontinental.
Fonte: AFP