Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Instituto Espanhol de Oceanografia alertam para mudanças iminentes na distribuição de corais ao longo da costa brasileira devido ao aquecimento do oceano. Um estudo publicado na revista científica “Diversity and Distributions” aponta que, até 2050, as águas das regiões Norte e Nordeste se tornarão menos propícias à sobrevivência desses organismos marinhos, enquanto o oposto acontecerá nas áreas Sul e Sudeste.
A análise, que envolveu doze espécies de corais, prevê que algumas espécies limitadas às regiões tropicais, como Mussismilia braziliensis e Mussismilia harttii, enfrentarão dificuldades em migrar para o sul. Essas espécies são fundamentais para a manutenção da biodiversidade marinha e para a formação dos recifes de coral, como o Banco dos Abrolhos, no Atlântico Sudoeste.
Os cientistas utilizaram um cenário intermediário de emissões de gases de efeito estufa para prever as distribuições dos corais até os anos de 2050 e 2100. Os resultados indicam a necessidade de ações específicas de conservação para cada espécie, levando em conta as tendências populacionais observadas.
Melina Martello, pesquisadora e primeira autora do estudo, destaca a preocupação com o declínio previsto para as espécies de coral-cérebro exclusivas da costa brasileira. A perda dessas espécies pode resultar na redução da complexidade e biodiversidade dos recifes.
O estudo sugere que a preservação dos corredores ecológicos que conectam as regiões tropical e subtropical do litoral brasileiro é fundamental para aumentar as chances de expansão e persistência dos corais. Além disso, a criação de novas áreas marinhas protegidas e o fortalecimento das existentes na porção subtropical podem garantir a transferência de espécies para áreas com condições climáticas mais favoráveis.
Guilherme Longo, chefe do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFRN e coautor do estudo, destaca a importância de investigar a capacidade de dispersão dos corais. Incorporar a capacidade biológica dos corais se dispersarem ao modelo pode oferecer uma compreensão mais precisa das probabilidades de o cenário previsto se concretizar.
O estudo ressalta a urgência de ações efetivas para proteger os corais e preservar a rica biodiversidade marinha ao longo da costa brasileira diante das mudanças climáticas e do aquecimento dos oceanos.
Por Marcony Edson