A pandemia do coronavírus fez muitas empresas aderirem ao home office para manter suas atividades em funcionamento.
Quem é prestador de serviço, trabalha por conta ou tem um comércio e não pode tocá-lo no momento, está vendo o dinheiro acabar sem expectativa de quando tudo vai se normalizar.
A empresária Kalina Nóbrega Dantas teve todos os pedidos de aplicação de papel de parede cancelados já no início do isolamento social. “Ninguém queria uma pessoa que não fosse da família dentro da sua casa.”
Com pouco dinheiro para se manter, ela decidiu ouvir o conselho de uma amiga e começou a fazer bolos para vender para amigos, familiares e antigos clientes.
“Sempre visitei amigos e levava meus bolos, ou fazia na casa deles mesmo. Minha amiga sugeriu que eu começasse a produzir e vender para me manter financeiramente.”
Kalina conta que criou a Bolo da Kaká e se colocou uma meta audaciosa: vender 25 bolos por dia. No primeiro dia, vendeu 13, no segundo, 22, e daí o negócio decolou.
Há duas semanas em atividade, ela diz que já ultrapassou a meta diária e pensa em manter o negócio mesmo depois da pandemia do coronavírus.
“É um momento muito delicado para todos nós. Ter um bolo caseiro, com o caldinho natural da fruta, feito com todo carinho e amor e ainda receber na sua casa com toda a segurança que pede o momento, é muito bom.”
Kalina conta que a ideia surgiu bem num momento em que ela estava desanimada.
“Sempre fui de sair muito. Ficar presa em casa e sem dinheiro estava me fazendo entrar em depressão. Com os bolos, além de manter uma renda, fico motivada a produzir.”
A empresária diz que toma todos os cuidados necessários para evitar a contamição dos bolos. “Uso luvas, máscara e desinfeto todo o local antes de começar a produção. Na entrega também vou equipada com luvas e máscara.”
Fernanda Bueno, consultora do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), orienta empresários e profissionais a manterem o relacionamento com seus clientes.
“Quando ele voltar a frequentar um salão de beleza, por exemplo, vai se lembrar daquela pessoa que continuou em contato durante a crise”, diz Fernanda.
Outra dica da consultora é investir em produtos que podem ser consumidos dentro de casa.
“As pessoas estão mais tempo dentro de casa. Muita gente está em home office, mas manteve o salário e a carga horária habitual de trabalho. Com isso, vem acumulando trabalho, afazeres da casa e os cuidados com as crianças, que estão sem aula. Soluções que aliviem o dia a dia da mãe ou pai neste momento serão bem-vindas”
Essas famílias, frisa Fernanda, precisam de aperitivos para das às crianças ao longo do dia sem parar para produzir.
A educadora financeira Teresa Tayra dá outra dica: “olhe para as necessidades dos seus clientes.
Ela cita como exemplo o caso de uma amiga empreendedora que vende perfumes e viu que suas clientes não estavam comprando seus produtos, mas queriam adquirir máscaras, indicadas como item de proteção contra o coronavírus, e não achavam.
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A empreendedora, então, usou a sua habilidade para costurar e começou a fabricar máscaras. “No início, ela fez doações para as clientes, mas depois as próprias clientes encomendaram mais para usar e presentear.”
Gisele começou a produzir máscaras
Outra empresária que mudou seu foco durante o isolamento social foi a Gisele Bonaroski, dona da Costurices da Gi. Especialista na confecção de vestidos e batas infantis, ela começou a produzir máscaras para ajudar os amigos.
“Cobrava o preço de custo para eles conseguirem se proteger, já que não estavam achando máscaras no mercado. A procura começou a aumentar e passei a comercializar para outras pessoas. Afinal, preciso gerar renda nesse período para me manter”, diz Gisele.
“Alguns clientes pediram o dinheiro de volta e, por ser uma empresa pequena, quase quebrei”, desabafa a empresária.
Nívea decidiu criar sessões on-line de recreação infantil.
Elas duram de 30 minutos, para crianças com até 4 anos, a 40 minutos, para crianças acima de 5 anos.
A média paga por cliente é de R$ 20 a R$ 60 por sessão.
Joyce Carla, educadora financeira da Serasa Ensina, braço educacional do Serasa Consumidor, e Teresa Tayra sugerem algumas atividades para quem deseja ou precisa gerar renda sem sair de casa durante o isolamento social.
Confira:
Hora de desapegar
Separe objetos que não utiliza e que estejam em bom estado. Anuncie tudo em sites de vendas on-line. “Essa é uma solução inteligente para “fazer dinheiro” em tempos de crise. Além do mais, comprar e vender itens de segunda mão é uma tendência consciente para a nova década, uma vez que reduz o consumo e a exploração do meio ambiente”, diz Joyce.
Dotes culinários
Gosta de cozinhar? Qual a sua especialidade? Doces, tortas, bolos ou comida do dia a dia? É hora de resgatar suas receitas preferidas e começar a produzir.
A quarentena alterou a rotina de muitas pessoas. Quem fazia as refeições em restaurantes e hoje mantém a mesma carga de trabalho no home office, está utilizando o delivery para se alimentar sem comprometer o trabalho ou sair de casa.
“A ideia aqui é você produzir refeições e vendê-las. Divulgue em suas redes sociais, grupos do condomínio, para amigos e família. A princípio, faça a produção conforme os pedidos forem chegando. Dessa forma, você evita desperdícios e prejuízo. E procure entregar perto de onde mora para não ter custos com a entrega e cobrar mais barato.”
Venda serviços on-line
Se você presta algum serviço ou tem habilidades que podem ser exercidas de forma on-line, é hora de investir no seu potencial. A seguir, algumas atividades para fazer em casa e oferecer pela internet:
– Artesanato;
– Costura;
– Elaboração de convites;
– Atividade física;
– Recreação:
– Aulas de idiomas;
– Aulas de reforço para as crianças que estão em férias antecipadas;
– Edição de fotos;
– Produção gráfica e muitos outros.
(R7)